A medida anunciada pelo prefeito Sandro Mabel (UB), de retirar os trabalhadores ambulantes das ruas da capital, é uma política que se repete a década, em Goiânia. As duas gestões petistas mais recentes da capital, dos ex-prefeitos Pedro Wilson e Paulo Garcia, criaram equipamentos para a alocação deste segmento.
“Os ambulantes da 44 são pais e mães de família que precisam trabalhar, mas não trabalhar daquele jeito. A cidade precisa se organizar. Isso aqui é uma cidade. E agora tem um gerente. Vim de uma administração, de uma gestão. Não vou deixar a cidade ficar essa bagunça que está, de ambulante para todo lado, não”, destaca o prefeito.
Fruto de demanda que nasceu ainda na década de 1990, durante a gestão do prefeito tucano Nion Albernaz, foi idealizada a remoção de camelôs que atuavam na Avenida Goiás, o que só ocorreu 10 anos mais tarde.
Em 2003, durante a gestão Pedro Wilson (PT), foi inaugurado o Mercado Aberto, na Avenida Paranaíba, para abrigar dos vendedores ambulantes que ocupavam a Avenida Goiás. Foi idealizado no final da década de 90, na gestão de Nion Albernaz (PSDB), entretanto, executado e inaugurado em 2003, na administração do prefeito Pedro Wilson (PT).
Em 2014, na gestão do prefeito Paulo Garcia, a prefeitura de Goiânia anunciou a criação da Feira da Madrugada, composta por 525 vendedores ambulantes que trabalhavam de forma irregular nas calçadas da Rua 44. A ideia era acabar com um impasse entre os camelôs e lojistas da região, que pediam a saída dos trabalhadores informais.
Giovany Bueno, secretário de Indústria e Comércio da Prefeitura de Goiânia da época, disse que a criação da feira era um complemento no projeto de organização da Região. “O projeto é a organização do setor, que visa a reforma da Praça do Trabalhador com a compactação da Feira Hippie para melhor atender o feirante e a população, a limpeza da 44, não pode haver ambulante na 44”, afirmou em entrevista à TV Anhanguera.
Agora, dez anos mais tarde, Mabel quer a retirada dos ambulantes até o dia 30 de março. Entre as possibilidades anunciadas estão a criação de uma espécie de “aluguel social”, fornecido por donos de galerias que têm pontos comerciais vagos, para que os trabalhadores comercializem suas mercadorias nas galerias da região ou migrem para a Feira Hippie.
A presidente da Associação dos Camelôs, Ana Paula de Oliveira, defendeu a continuação dos vendedores ambulantes nas ruas, obedecendo ao horário da madrugada, quando as lojas estão fechadas. “Somos mais de 3 mil camelôs. Se for preciso, nós pagamos taxa para Prefeitura. No entanto, pedimos que seja definido o horário a partir das 17 horas”, disse.
Na sessão desta terça-feira (18), o vereador Heyler Leão (PP) anunciou a criação de uma Comissão para avançar com alternativas dos trabalhadores para buscar um meio termo junto à Prefeitura de Goiânia.
“Sabemos que o prefeito Sandro Mabel quer organizar, mas precisamos de um diálogo mais aprofundado. Há propostas para regularização, como o aluguel social e outros benefícios, mas ainda há muito a ser debatido e ajustado junto à Prefeitura de Goiânia”, afirmou.
O parlamentar realizou, nesta segunda-feira (17), audiência púbica para discutir a retirada de ambulantes das ruas da região da 44, maior polo de comércio da capital. Trezentos e cinquenta trabalhadores estiveram presentes e lotaram as galerias da Casa.
A Prefeitura de Goiânia informou que analisa as propostas apresentadas na audiência pública.