Os sindicatos que representam profissionais da saúde pública em Goiânia reagiram às declarações do prefeito Sandro Mabel (UB) sobre as licenças médicas de servidores da Secretaria Municipal de Saúde. Em entrevista recente, o prefeito afirmou que tinha milhares de servidores com atestado médico.
“Não posso ter dois, três mil servidores na área de saúde e de atestado médico, com falta de enfermeiro em Cais. Ou aposento ele, ou ele volta para trabalhar ou é demitido.”
A fala foi classificada como “irresponsável e simplista” por quatro entidades: Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Único de Saúde no Estado de Goiás (Sindsaúde-GO), Sindicato dos Enfermeiros do Estado de Goiás (SIEG), Sindicato dos Médicos no Estado de Goiás (Simego) e Sindicato dos Odontologistas no Estado de Goiás (Soego).
Em nota conjunta, as entidades alegam que o adoecimento dos profissionais está ligado à precariedade das condições de trabalho, à falta de insumos básicos e à sobrecarga.
De acordo com os sindicatos, os servidores enfrentam diariamente a ausência de itens essenciais como sabão, papel toalha, papel higiênico, luvas, materiais de limpeza, lençóis e medicamentos básicos.
Além disso, apontam ambientes insalubres e estruturas precárias em diversas unidades de saúde da capital, caso do Ciams Urias Magalhães e do Centro de Saúde da Família Grajaú, onde o Ministério Público do Trabalho já condenou a Prefeitura por descumprir normas de segurança. No Cais Amendoeiras, a Justiça determinou reforma imediata diante das condições físicas do imóvel.
O prefeito Sandro Mabel reconhece os problemas na área da saúde e tem dito que busca reorganizar a rede após a grave crise da gestão de Rogério Cruz (Solidariedade). Ele afirma doar o salário para a compra de insumos e, nesta quarta-feira (2), descarregou materiais no hall do Paço Municipal. “Resolva a saúde, Dr. Luiz Pellizer. Tira o pé do meu salário”, afirmou, em vídeo publicado nas redes sociais.
Junta Médica e sistema fora do ar
Outro problema apontado é a paralisação do sistema Celk Saúde, que, sem contrato renovado pela prefeitura, deixou a rede sem agendamento de consultas, exames e dispensação de medicamentos.
“Essa falha agrava ainda mais o adoecimento, já que os profissionais trabalham sem ferramentas mínimas para exercer suas funções”, sustentam.
As entidades também questionam a contratação, sem licitação, do Sesi por R$ 9 milhões para auditar atestados médicos. Em vez disso, defendem o fortalecimento da junta médica da própria prefeitura e a convocação dos aprovados no último concurso.