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Tontura afeta 45% dos idosos, estimam especialistas

Associação Brasileira de Otorrinolaringologia idealiza Semana da Tontura para alertar sobre as consequências que esse sintoma tem para os idosos


Avatar Por Redação Tribuna do Planalto em 18/04/2024 - 17:00

A tontura pode estar presente em mais de 60 tipos de doenças e afeta aproximadamente entre 15% e 20% da população global, segundo a Organização Mundial da Saúde

Tontura, desequilíbrio e vertigem são queixas de saúde comuns da população idosa, que soma mais de 32 milhões de pessoas no País, segundo o IBGE. E quanto mais avançada a idade, maior é a prevalência desses sintomas, alerta a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF). Estudos brasileiros indicam que 45% dos idosos convivem com a tontura e que pelo menos 80% das pessoas acima de 75 anos já tenham vivenciado algum episódio do tipo.

Para chamar a atenção para a necessidade de idosos investigarem e tratarem o problema, a ABORL-CCF promove, de 22 a 26 de abril, a Semana da Tontura, com o tema “Tontura é coisa séria: equilíbrio na terceira idade”. O evento marca o Dia Nacional da Tontura, celebrado dia 22 deste mês.

Dr. Márcio Salmito, presidente da Academia Brasileira de Otoneurologia, braço acadêmico da ABORL-CCF, destaca que sensações de desequilíbrio e sentir que se está flutuando ou que o ambiente ao redor está girando, não devem ser menosprezadas. A alteração no equilíbrio corresponde a 85% das causas de quedas de pessoas com 65 anos ou mais, conforme pesquisas médicas.

“A tontura piora a qualidade de vida em qualquer idade, mas o que mais preocupa em relação a esse quadro em idosos é provocar quedas. Esse tipo de acidente é a terceira causa de mortalidade entre as pessoas com mais de 65 anos no Brasil, segundo Ministério da Saúde. Além disso, o número de mortes de idosos tendo como consequência a queda praticamente duplicou entre 2013 e 2022”, revela o médico.

O Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros, divulgado em 2023 pelo Ministério da Saúde, indicou que a prevalência de quedas na população idosa brasileira em áreas urbanas é de 25%. No mundo, 3 milhões de idosos são tratados todos os anos em serviços de emergência devido a lesões causadas por quedas, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, agência americana referência na condução de pesquisas e combate a diversas enfermidades.

As causas

A tontura pode estar presente em mais de 60 tipos de doenças e afeta aproximadamente entre 15% e 20% da população global, segundo a Organização Mundial da Saúde.

Entre os idosos, o sintoma pode aparecer devido a problemas no sistema vestibular (do labirinto), como a doença de Menière, doenças emocionais e psicológicas, como a ansiedade e depressão, e alterações cardiovasculares, como arritmias e até mesmo infarto.

Ainda podem provocar tontura: alterações da visão, como o glaucoma; problemas metabólicos, como diabetes; e doenças neurológicas, a exemplo de traumatismo craniano, Parkinson e esclerose múltipla.  “A tontura também pode ser um efeito colateral devido ao uso excessivo de fármacos, principalmente em quem faz uso de várias classes de medicamento e de forma contínua”, complementa Salmito.

Diagnóstico e tratamento

Entender a origem da tontura nem sempre é uma tarefa simples e dependerá de uma ampla avaliação do histórico clínico do paciente para descobrir o fator principal por trás das crises. Até mesmo o significado da palavra tontura, para diferentes pacientes, pode ser difícil de descrever.

“Muitas pessoas erroneamente chamam o sintoma tontura de labirintite, sem perceber que existem diversas outras doenças possíveis. Por esse motivo, é crucial consultar um especialista, pois ele possui a expertise necessária para avaliar detalhadamente e solicitar exames apropriados,” esclareceu o especialista.

Em algumas situações, é necessária a realização de exames de sangue, de imagem e testes vestibulares (do labirinto) e auditivos, entre outros recursos. O tratamento pode incluir medicações, mudanças de hábitos, terapias de reabilitação e manobras específicas.

“A população idosa está crescendo e vivendo mais. Por isso, é fundamental uma melhor compreensão dos distúrbios de equilíbrio desse grupo, garantindo conhecimento, acessibilidade e tratamento para que se obtenha qualidade de vida, independência e autonomia a este que tende a se tornar majoritário em nosso país” finaliza o presidente da Academia Brasileira de Otoneurologia da ABORL-CCF, Márcio Salmito.