A campanha do senador Vanderlan Cardoso (PSD) à Prefeitura de Goiânia, que parecia promissora, já que liderava a maior parte das pesquisas de intenção de voto, vem se deteriorando sob o peso de decisões políticas mal calculadas e alianças problemáticas que o colocaram em uma sequência do que pode se dizer ‘auto-ataques e desgastes internos’. A estratégia inicial de lançar uma chapa pura foi abandonada em prol de uma aliança de última hora com o PP, movimento que, em vez de fortalecer sua candidatura, expôs fragilidades e resultou em uma série de contratempos que têm dificultado sua trajetória no pleito municipal.
A aliança com o PP, firmada às vésperas das convenções partidárias, foi um primeiro passo para o desgaste. Os progressistas mantinham laços ‘promiscuosos’ – parafraseando Jovair Arantes, responsável pela articulação política de Rogério Cruz (SD) – tanto com a Prefeitura, de Cruz como com o Governo e seu candidato, Sandro Mabel (UB), adversários de Vanderlan.
Desde o ínicio a união pareceu desde o início um movimento incoerente e arriscado, mas entre outras coisas o desejo mútuo de controlar o tempo de TV do PP foi um exemplo claro de como os interesses divergentes dentro da aliança poderiam rapidamente se transformar em um obstáculo. O tempo de propaganda eleitoral gratuita, essencial para dar fôlego às campanhas, foi motivo de disputa pública e, inevitavelmente, atraiu a atenção da Justiça Eleitoral.
A decisão da Justiça Eleitoral, anunciada na última quinta-feira (12), foi um golpe direto a Vanderlan. Ao determinar que o PP participasse das eleições sem apoiar formalmente nenhum candidato a prefeito, restringindo-se à chapa de vereadores, a Justiça tirou de Vanderlan uma importante vantagem: o tempo de TV que ele tanto precisava para ganhar tração nas urnas. Além de seu vice.
Este episódio foi um claro exemplo de auto-sabotagem política, evidenciando que a aliança improvisada não foi bem articulada e, ao invés de beneficiar sua candidatura, pode ter colocado o senador em uma posição ainda mais vulnerável. O desgaste foi inevitável, já que as expectativas criadas pela união com o PP rapidamente se transformaram em frustração.
Outro ponto crucial de desgaste veio com a renúncia de Paulo Daher, vice do PP que estava alinhado para compor a chapa com Vanderlan. A decisão de Daher expôs a fragilidade da aliança com o PP e a clara falta de sintonia dentro da campanha junto ao PP, haja vista que a direção estadual trabalhou contra a aliança com Vanderlan. Sua renúncia, em meio à confusão jurídica e política, foi mais um indicativo de que a campanha de Vanderlan não conseguiu solidificar apoios fundamentais, deixando o senador exposto e sem uma base coesa.
Afinal de contas, quem é Paulo Daher na fila do pão do PP, comandado pela Familia Baldy? Essa movimentação adicionou mais um capítulo de autossabotagem à sua campanha, destacando a dificuldade de Vanderlan em manter aliados estratégicos em momentos críticos. É óbvio que a cúpula pessedista sabia de todas as complexidades de se aliançar com os pepistas.
Em uma tentativa rápida de recuperar o fôlego, Vanderlan anunciou, nesta sexta-feira (13), que Sucena Hummel assumiria o posto de vice em sua chapa. A contadora nunca escondeu seu desejo em assumir a candidatura e se frustrou ao ver o anúncio de Paulo Daher na vice. Entretanto, devia ter convicção que o planejamento da aliança entre o PP não prosperaria e por isso, ficou até o fim com o candidato. Resta saber se a confirmação de Sucena, uma figura com certa credibilidade, pode estabilizar a campanha. O tempo é curto: restam 22 dias até as urnas. Não há tempo para mais sabotagens, tampouco para erros a partir da própria campanha.
O senador, que outrora se apresentava como um candidato forte, vê sua campanha enfraquecida por escolhas que, ao invés de agregar valor, trouxeram complicações. Ao longo da corrida eleitoral, Vanderlan tem sido seu próprio maior adversário, com decisões que minaram suas chances de se firmar como uma alternativa viável à prefeitura. Mesmo com a substituição de Paulo Daher por Sucena Hummel, a campanha continua com feridas abertas que podem ser difíceis de cicatrizar antes das urnas.