Em Itapuranga, Goiás, a 21 quilômetros da cidade, o produtor Márcio Ribeiro Pinto transformou sua propriedade de 264 hectares em um exemplo de eficiência na bovinocultura leiteira. Após se aposentar de uma instituição financeira, Márcio decidiu investir na produção de leite, conciliando-a com a criação de gado de corte. Começou com uma modesta produção de 30 litros por dia e, ao longo de 21 anos, alcançou a impressionante marca de 14 mil litros diários. A chave para esse sucesso? Um rigoroso processo de gestão e a implementação de tecnologias de ponta.
A trajetória de Márcio é marcada por um processo de seleção genética que melhorou a produtividade do rebanho. Hoje, todos os 780 animais da fazenda são fruto de criação própria, sem a inclusão de animais externos há 15 anos. Para garantir a sustentabilidade durante o período de estiagem, Márcio investiu na antecipação da silagem, acumulando reservas suficientes para manter a produção estável mesmo nas fases mais secas do ano. “Temos uma média de 40 quilos de leite por vaca, o que nos ajudou a atravessar períodos de instabilidade no mercado”, ressalta o produtor.
Além de Márcio, outro exemplo de sucesso na região é Cláudio Pereira, da Fazenda Coqueiral, em Orizona, Goiás. Com uma pequena propriedade e apenas quatro vacas no início, Cláudio implementou tecnologias avançadas como o Compost Barn e a ordenha robotizada, o que resultou em um aumento significativo na produtividade. Hoje, ele administra um rebanho de 80 vacas e tem como meta alcançar 100 animais, com uma média de 40 a 45 litros de leite por dia.
Esses avanços colocam Goiás como o quinto maior produtor de leite do Brasil, com uma produção de 3 bilhões de litros e um crescimento estimado de 1,5% em 2023, segundo a Pesquisa de Pecuária Municipal (PPM 2022). De acordo com Gustavo Lourenzo, supervisor de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Senar Goiás, a gestão eficiente e a adoção de tecnologias, como a alimentação controlada e a silagem planejada, são fundamentais para esse crescimento.
Para Cláudio Pereira, que utilizou financiamento do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) para investir na robotização da ordenha, a tecnologia é a chave para garantir a sustentabilidade e o crescimento da produção, mesmo em uma pequena propriedade.
Além dos investimentos tecnológicos, o governo de Goiás tem tomado medidas para proteger e incentivar a produção local. Um exemplo é o decreto que direciona incentivos fiscais exclusivamente para a produção leiteira do estado, vetando benefícios para produtos importados. Essas ações, juntamente com a aprovação do Projeto de Lei nº 952/2019, de autoria de José Mário Schreiner, que regulamenta a validade do leite em pó importado, demonstram o compromisso do estado com o fortalecimento da bovinocultura leiteira.