A influenciadora e empresária Karine Gouveia e seu marido, Paulo César Dias, foram presos em Goiânia nesta quarta-feira, 18, durante uma operação policial que apura irregularidades em procedimentos estéticos realizados em sua clínica. A Polícia Civil identificou 24 vítimas, muitas delas com sequelas graves, como necrose e perda de olfato, após intervenções que usavam materiais inadequados e técnicas ilegais.
Segundo as investigações, a clínica burlava a vigilância sanitária ao realizar cirurgias como rinoplastias e alectomias, que deveriam ser feitas por médicos. Os procedimentos eram anunciados como “reestruturação nasal HD”, atraindo clientes com preços abaixo do mercado. A polícia informou que os profissionais da clínica não tinham habilitação necessária e as condições do local eram precárias, com uso de bisturis cegos e falta de esterilização adequada.
Entre os clientes da clínica estavam famosos como Jacques Vanier, Lucas Guimarães e Felipe Araújo. De acordo com o delegado Daniel Oliveira, esses procedimentos eram minimamente invasivos e usavam produtos de maior qualidade, enquanto os pacientes de menor poder aquisitivo enfrentavam as condições inadequadas. A defesa do casal alega que a clínica possuía os documentos necessários, mas a polícia refuta, afirmando que o alvará autorizava apenas procedimentos estéticos simples.
Durante a operação, foram apreendidos bens do casal, incluindo contas bloqueadas, R$ 2,5 milhões em dinheiro e um helicóptero avaliado em R$ 8 milhões. A investigação segue em busca de novas vítimas e na ampliação das responsabilidades criminais dos envolvidos.
Sobre o caso:
As investigações apontam que a clínica localizada em Goiânia oferecia procedimentos cirúrgicos sob disfarce de serviços estéticos para evitar fiscalização. A Polícia Civil revelou que substâncias proibidas, como o PMMA, foram usadas em intervenções. Esse material, inadequado para fins estéticos, está associado a complicações graves, incluindo embolias e até risco de morte.
Além disso, as condições da clínica não atendiam aos padrões mínimos de segurança. Os equipamentos eram inadequados, os bisturis não estavam esterilizados, e os profissionais não possuíam formação médica necessária para realizar as cirurgias. Karine Gouveia, segundo as autoridades, não possui ensino superior na área de saúde.
O delegado Daniel Oliveira destacou que muitos pacientes eram atraídos pelos preços baixos, mas acabavam sofrendo danos permanentes. Algumas vítimas necessitam de múltiplas cirurgias corretivas devido às falhas nos procedimentos. Já os famosos que frequentavam o local relataram experiências positivas, pois, nesses casos, a clínica usava materiais de maior qualidade para evitar complicações.
As prisões ocorreram em Goiânia e Anápolis, onde a clínica possui outra unidade. A operação segue investigando outras possíveis vítimas e as práticas de intimidação usadas pelos envolvidos contra aqueles que buscavam reparação pelos danos causados.