Vereadores independentes e da oposição ao prefeito Sandro Mabel (UB) criticaram, nesta terça-feira (11), a falta de convite para uma reunião com o chefe do Executivo sobre a reformulação da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg). A insatisfação foi manifestada durante sessão na Câmara Municipal, logo após servidores da Comurg entregarem uma carta aos parlamentares denunciando redução salarial e cortes de benefícios.
Desde que o prefeito Sandro Mabel decidiu injetar R$ 190 milhões na Comurg sem passar pela Câmara Municipal, criou um misto de insatisfação em torno do tema. Desde que assumiu a gestão, Mabel tem promovido cortes de gastos na Companhia, com demissão de servidores comissionados, e reorganização dos serviços num esforço para regularizar a limpeza da capital.
Nesta terça, o debate foi iniciado pelo vereador Coronel Urzêda (PL), durante uso na tribuna para tratar inicialmente sobre anistia aos denunciados pelos eventos de 8 de março.
“Presidente, os servidores da Comurg nos entregaram um pedido de socorro. Eu soube que o prefeito chamou apenas a base aliada para essa reunião. Isso é verdade? Porque todos nós somos fiscais e temos que acompanhar o que está acontecendo para salvar a Comurg. Os servidores estão desesperados, e me relataram que três já tentaram suicídio desde que o prefeito assumiu”, afirmou Urzêda.
O vereador Anselmo Pereira (MDB) defendeu o Paço Municipal e negou a exclusão de parlamentares. “Nosso prefeito não faz discriminação em hipótese nenhuma. Todos os 37 vereadores foram convidados. Não sou o líder do prefeito, mas sei que o convite foi geral”, declarou.
A vereadora Aava Santiago (PSDB), porém, contestou a informação. “Tenho muito respeito pelo nosso decano, mas ele afirmou que todos foram chamados, e isso não é verdade. Eu, como vereadora desta Casa, fiquei sabendo da reunião pela imprensa. Talvez tenham lhe dito isso, e o senhor acreditou de boa-fé, mas a realidade é que não houve convocação oficial. Notícia de jornal não é convite para parlamentar”, criticou.
A vereadora Katia Maria (PT) também se manifestou, classificando a exclusão de parlamentares de oposição como uma “inabilidade da gestão municipal”. Segundo ela, “essa casa não pode se curvar ao Executivo, porque cabe à Câmara aprovar, legislar e fiscalizar sobre o Orçamento Público”, afirmou. “Esse método de escantear a Câmara é irresponsável e antidemocrático”, criticou.
Inicialmente, estava prevista uma visita do prefeito Sandro Mabel à Câmara Municipal nesta terça-feira (11). No entanto, a agenda foi cancelada após um convite para que apenas a base aliada se reunisse com o prefeito no final da tarde, no Paço Municipal.
À imprensa, o Paço informou anteriormente que “o prefeito apresenta o plano de reestruturação da Comurg para os vereadores da Capital em reunião no Paço Municipal” e, segundo o comunicado, o plano traz dados sobre a redução do número de diretores, superintendências e gerências.
Para tentar minimizar o desconforto, o núcleo governista enviou a vice-prefeita Coronel Cláudia (Avante) à Câmara, durante a sessão desta terça-feira, em um gesto para evitar as críticas.
A reunião com Sandro Mabel está marcada para o período da tarde, e até o momento, a assessoria do prefeito não respondeu sobre as reclamações dos vereadores. A Secretaria de Governo afirmou que a reunião se refere a agenda de trabalho do prefeito com a base aliada e que, além da Comurg, serão tratados de outros projetos da Prefeitura.
Carta dos Servidores
Os trabalhadores da Comurg entregaram uma carta aos parlamentares denunciando as dificuldades enfrentadas pela categoria. No documento, eles afirmam estar sendo “massacrados” ao longo dos anos e criticam a gestão municipal por desconsiderar sua atuação. “Fomos retirados da folha da Prefeitura, disseram que não tínhamos expertise para executar os trabalhos, depois nos humilharam e agora querem até nossa dignidade”, diz um trecho da carta.
Os servidores também ressaltam a importância de seu trabalho para a cidade e pedem respeito. “Somos garis, coletores, varredores, trabalhadores essenciais para Goiânia, conhecemos os moradores de cada rua. Muitas vezes somos invisíveis, mas também elogiados. Exigimos respeito e as garantias que nos foram concedidas pelo concurso público”, concluem.