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Com protesto do PL, título de cidadania de ex-ministro que tornou Bolsonaro inelegível é aprovado

Aprovação ficou prejudicada na semana passada diante de manobra do PL, com apoio dos vereadores do PP


Lucas de Godoi Por Lucas de Godoi em 18/03/2025 - 10:55

Homenagem a ex-ministro, inicialmente obstruída, foi aprovada com o apoio da maioria dos parlamentares (Foto: Antonio Augusto/Secom/TSE)
Homenagem a ex-ministro, inicialmente obstruída, foi aprovada com o apoio da maioria dos parlamentares (Foto: Antonio Augusto/Secom/TSE)

Na sessão seguinte à que foi retirado da pauta, a Câmara Municipal de Goiânia aprovou, em votação em separado, o Projeto de Lei que concede o título de cidadania goianiense ao ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Benedito Gonçalves. A iniciativa, proposta pelo vereador Welton Lemos (Solidariedade), teve aprovação frustrada na semana passada.

Diante de intervenção do PL, que articulou a retirada de votação da matéria na semana anterior, a aprovação não foi possível devido à falta de quórum qualificado. O PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, se opôs ao projeto, por conta da atuação de Benedito Gonçalves no julgamento que tornou Bolsonaro inelegível por oito anos.

O vereador Oséias Varão (PL) solicitou à Mesa Diretora, nesta terça-feira, a votação em separado do projeto. “Nós optamos por apoiar os títulos propostos pelos vereadores. Essa é a regra que a gente usa. Mas o caso do ministro Benedito, eu gostaria de pedir a compreensão dos nobres pares, que envolve uma questão muito específica, relacionada à nossa visão política.”, afirmou. O vereador Major Vitor Hugo (PL) registrou votou contrário enquanto participava da sessão de maneira remota.

Na semana passada, o presidente da CCJ, vereador Luan Alves (MDB), criticou a postura dos pares e, em protesto, votou contrário a todos os títulos apresentados na sessão. “Eu tinha votado favorável aos títulos de maneira em conjunto, mas essa questão de individualizar é ruim para a Casa e para os colegas. Nesse sentido, se tem um título, de um colega, que os demais não vão votar, eu estou votando contra todos os títulos. Ou é a união da Casa ou para mim não serve”.

A reportagem apurou que, nos bastidores, a estratégia do PL irritou os vereadores, que mencionaram travar as votações de matérias do grupo político por entenderem que eles desrespeitaram o vereador que propôs a matéria.

Na propositura de Welton Lemos, o vereador destaca “sua notável trajetória jurídica e seu compromisso com a justiça e o desenvolvimento do país”. Embora não tenha ligação direta com Goiânia, o vereador justifica que o magistrado possui “valores que se alinham com os ideais da capital goiana”. O projeto deve ser pautado novamente na semana que vem.

Desafeto

A recusa pela homenagem reflete uma crença dos apoiadores do ex-presidente de que o magistrado mantém relação de amizade com o presidente Lula (PT) e que isto influenciou sua análise sobre os processos.

Uma das cenas que bolsonaristas descrevem é de um encontro de Lula com Benedito Gonçalves, em uma cerimônia no TSE, em agosto de 2022, quando o presidente fez um afago no ministro, com singelos tapinhas em sua face esquerda.

Os dois se reencontraram na diplomação do petista, em dezembro do mesmo ano. Foi Benedito Gonçalves quem conduziu Lula ao plenário do TSE. O gesto que faz parte da solenidade. Ao ser chamado por Alexandre de Moraes, presidente da Corte Eleitoral, para trazer o petista à mesa de autoridades, quebrou o protocolo e disse ao pé do ouvido do colega: “Missão dada é missão cumprida”.

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