A morte do papa Francisco, confirmada nesta segunda-feira (21), marca o início do período conhecido como Sé Vacante, quando a Igreja Católica fica oficialmente sem um líder. Durante essa fase, que pode durar até 20 dias, o Vaticano ativa um protocolo rigoroso que envolve dezenas de cerimônias religiosas, decisões administrativas e a preparação para o Conclave, que elegerá o novo papa.
Enquanto os sinos da Basílica de São Pedro ecoam em luto, a engrenagem institucional da Igreja Católica já se move. A administração do Vaticano passa temporariamente para o camerlengo, cargo atualmente ocupado pelo cardeal irlandês Kevin Joseph Farrell. Ele é o responsável por confirmar a morte do pontífice, lacrar os aposentos papais e organizar a transição.
O que acontece na Sé Vacante?
Durante a Sé Vacante, todos os chefes dos dicastérios da Cúria Romana — departamentos equivalentes aos ministérios — perdem automaticamente seus cargos. Isso inclui o Cardeal Secretário de Estado, espécie de “primeiro-ministro” do Vaticano. Permanecem em suas funções apenas alguns cargos específicos, como o Penitenciário-Mor e os vigários-gerais para Roma e para o Vaticano.
O camerlengo, por sua vez, lidera a preparação do funeral, supervisiona os ritos religiosos e organiza a exposição pública do corpo de Francisco, que deve ser velado na Basílica de São Pedro.
O papel do Colégio dos Cardeais
Composto por 252 cardeais de diferentes partes do mundo — entre eles, oito brasileiros — o Colégio dos Cardeais assume o protagonismo neste momento. A partir de agora, eles se reúnem diariamente em sessões chamadas de Congregações Gerais, nas quais discutem assuntos urgentes e definem o cronograma para a escolha do novo papa.
Apenas os cardeais com menos de 80 anos podem votar no Conclave. São, ao todo, 138 eleitores, incluindo sete brasileiros, como Dom Sérgio da Rocha (Salvador) e Dom Odilo Scherer (São Paulo).
Como funciona o Conclave?
A palavra conclave vem do latim cum clavis, que significa “trancado com chave”. Durante o processo de eleição, os cardeais eleitores são isolados no Vaticano, sem acesso a meios de comunicação. As votações acontecem na Capela Sistina, e um novo papa só é eleito quando um nome atinge dois terços dos votos.
Até quatro votações podem ser realizadas por dia. Se, após 34 rodadas, não houver consenso, a escolha se limita aos dois cardeais mais votados.
O eleito é então questionado se aceita o cargo e, caso aceite, escolhe um novo nome papal. Após vestir as tradicionais vestes brancas na chamada Sala das Lágrimas, ele se apresenta pela sacada da basílica, onde o anúncio é feito ao mundo com a frase “Habemus Papam”.
E agora?
Enquanto fiéis de todo o mundo iniciam um luto coletivo, o Vaticano se prepara para uma nova etapa. Francisco, o primeiro papa latino-americano, deixa uma Igreja em transformação, marcada por sua defesa dos pobres, abertura ao diálogo inter-religioso e estilo pastoral próximo do povo.
O mundo aguarda, agora, não apenas quem será o novo pontífice, mas qual será o rumo da Igreja Católica no século XXI.