A situação no Hospital e Maternidade Célia Câmara tem gerado forte preocupação entre os profissionais da saúde. Servidores denunciam atrasos no pagamento de salários e do vale-alimentação, além do cancelamento do almoço no refeitório nesta quarta-feira (11). A informação circula entre os funcionários, que também apontam insegurança quanto à continuidade da atual gestão.
A tensão aumentou após o prefeito Sandro Mabel deixar claro o interesse em trocar a organização social (OS) responsável pela unidade. Diante das reclamações dos funcionários, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou ter repassado mais de R$ 90 milhões à Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc) somente em 2025. Do total, R$ 13,6 milhões foram transferidos em junho. A Fundahc, até o momento, não se manifestou.
A crise atual ocorre após vistoria do Departamento Nacional de Auditoria do SUS (DenaSUS), realizada no fim de maio, com apoio da vereadora Aava Santiago. Técnicos identificaram que o Hospital e Maternidade Célia Câmara opera com apenas 30% a 40% da capacidade, mesmo possuindo estrutura e equipamentos para atendimento pleno. Foram encontrados leitos fechados, equipamentos parados e ausência de atendimentos agendados.
Outras unidades também enfrentam dificuldades. Na Maternidade Dona Íris, auditores constataram a interdição de alas por falta de manutenção e centenas de cirurgias eletivas represadas. Ainda assim, a Prefeitura insiste em remanejar pacientes da Célia Câmara para essas maternidades, o que é visto com preocupação por parlamentares e auditores.
A auditoria federal segue em andamento e deve apurar possíveis irregularidades no uso de recursos públicos. O diretor do DenaSUS, Rafael Bruxellas, afirmou que qualquer desvio poderá resultar em responsabilização. O objetivo é assegurar que as verbas destinadas à saúde sejam aplicadas corretamente e que as gestantes e recém-nascidos recebam o atendimento digno garantido pelo SUS.