A promessa feita pelo então candidato Sandro Mabel (UB) durante a campanha eleitoral de 2024 virou frustração para famílias que vivem na Ocupação Estrela Dalva, situada em área pública destinada à moradia popular. Os moradores denunciam que foram surpreendidos por uma operação de despejo determinada pela Prefeitura de Goiânia, nesta quarta-feira (2). Segundo relatam, cerca de 300 famílias foram removidas sem qualquer tipo de notificação prévia ou decisão judicial visível.
Entre os atingidos está Dona Maria, catadora de materiais recicláveis, que constrói sua casa com esforço diário. “Eu disse: eu vou catar, vou comprar os materiais, pra quando eu morrer os meninos lembrarem que cada tijolinho deste aqui é do trabalho de reciclagem da minha mãe”, desabafou, emocionada.
Outro morador contou que a ação começou por volta das 8h da manhã e que sequer teve tempo de retirar seus pertences. “Eles não deram satisfação nenhuma. Só consegui tirar a geladeira do meu cachorro. O resto virou entulho”, disse. Ele lembrou ainda que o então candidato Sandro Mabel (UB) visitou a ocupação durante a campanha, garantindo que ninguém seria retirado. “Ele prometeu que ia regularizar. Agora ele manda a gente embora?”, questiona.
O vereador Fabrício Rosa (PT), que acompanha o caso, afirma que a operação foi conduzida com ordens diretas do prefeito, sem respaldo legal. “Conversei com um dos fiscais, que me disse claramente que a ordem vinha do próprio prefeito. Nenhuma notificação foi entregue, não havia decisão judicial e tampouco a Comissão de Soluções Fundiárias foi acionada”, denunciou.
Segundo Rosa, o cenário encontrado foi de “profunda violência e total ausência de planejamento”. Ele cobra coerência do prefeito: “Sandro Mabel prometeu regularizar uma área destinada à habitação popular. Não pode agora agir com truculência e descumprir o que disse às famílias.”
A TV Band registrou tensão durante a cobertura. O repórter Leonardo Miguel foi desrespeitado por um fiscal da prefeitura, que se recusou a dar explicações e, em tom irônico, disse que “a prefeitura ficava na BR-153”.
A Prefeitura de Goiânia, por meio da Secretaria Municipal de Eficiência (Sefic), negou a remoção de famílias e afirmou, em nota, que a operação teve como objetivo a demolição de casas em construção que não estavam habitadas, com o intuito de impedir o avanço de novas ocupações na área. Segundo a pasta, a ação cumpre decisão judicial.
“A Secretaria Municipal de Eficiência (Sefic) informa que a operação realizada na “Ocupação Estrela Dalva” visa a demolição de casas em construção que não estão habitadas, a fim de impedir novas ocupações no local. A Sefic esclarece que as demolições cumprem decisão judicial, que determina à Prefeitura que impeça o avanço de novas moradias na ocupação.”, informou a pasta.
A reportagem solicitou um posicionamento do prefeito Sandro Mabel, mas ainda não houve resposta.
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