Maísa Lima
Na terça-feira (28), a Secretaria Estadual de Saúde (SES) apontava que mais de 65% dos goianos haviam tomado a primeira dose da vacina contra a Covid-19 e cerca de 36% já estavam imunizados com a segunda. Quantos não apareceram nos postos de saúde porque se recusam a tomar a medicação? Difícil dizer.
Existem duas correntes contrárias à imunização, uma, que todo mundo já conhece e tem no presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) sua maior expressão, é a do negacionismo puro e simples. Apesar dos 600 mil óbitos no Brasil, insistem que a doença não é letal e dizem não à vacina, ao uso de máscara e de álcool gel e nem pensam em manter distanciamento social para evitar a propagação do vírus.
A outra corrente está ficando conhecida como negacionismo namastê. Normalmente, ao final de cada prática de yoga, diz-se “namastê”. Em um significado amplo quer dizer “o divino em mim reconhece o divino em você”. Como vários praticantes da yoga são contra a vacina por acreditar que a cura vem do próprio organismo, a expressão está sendo utilizada para diferenciá-los dos radicais da extrema direita.
As pesquisas que traçam o perfil do praticante de yoga mostram que a maioria possui curso superior e buscou essa prática milenar para preservar a saúde. Sua opção pela não imunização passa pela crença de que a medicação afeta o funcionamento do organismo. Embora a yoga seja realmente conhecida por sua capacidade de aliviar o estresse e promover o relaxamento, querer que ela proteja da pandemia talvez seja um exagero.
“Hesitação vacinal”
O cientista político Wladimir Gramacho chama de hesitação vacinal o pavor de se imunizar compartilhado por um pequeno segmento populacional no Brasil e no mundo. “Esse receio tem sido alimentado por desconfiança em relação ao desenvolvimento dos imunizantes e a suas reações colaterais e por uma enxurrada de mensagens de terror nas redes sociais a cargo de negacionistas. O resultado parece influenciar até mesmo gente bem-intencionada, disse ele nesta semana, em artigo publicado no Portal 360.