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Bancada do PL na Câmara rejeita título de cidadania a relator de ação que tornou Bolsonaro inelegível

Partido articulou a retirada do projeto que concedia título de cidadão goianiense ao ministro Benedito Gonçalves, alegando ligação com o presidente Lula


Lucas de Godoi Por Lucas de Godoi em 15/03/2025 - 14:05

Bancada do PL da Câmara Municipal de Goiânia trava homenagem a relator da inelegibilidade de Bolsonaro (Foto: Alejandro Zambrana/Secom/TSE)

Vereadores do PL de Goiânia articularam a retirada de votação do Projeto de Lei que concede ao ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Benedito Gonçalves título de cidadania goianiense. A iniciativa é do vereador Welton Lemos (Solidariedade) e foi tirada de pauta a pedido dos vereadores da legenda do ex-presidente Jair Bolsonaro.

O magistrado é um desafeto antigo dos bolsonaristas por ter conduzido, como corregedor-geral da Justiça Eleitoral, as ações que levaram à inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-ministro da Defesa Braga Netto, por oito anos. O Corregedor do TSE também suspendeu a monetização de canais bolsonaristas em 2022.

Na sessão desta quinta-feira (13), o vereador Coronel Urzêda (PL) pediu ao presidente da Mesa Diretora por voto em separado do projeto para apreciar em bloco iniciativas de outros parlamentares. “Eu consulto se não há como desmembrar, porque o PL, em relação a um cidadão aí que diz que ‘missão dada é missão cumprida’, o PL e o PP vão votar contra”, definiu. O PP tem na Casa os vereadores Heyler Leao e Sanches da Federal.

A queixa de Urzêda reflete uma crença dos apoiadores do ex-presidente de que o magistrado mantém relação de amizade com o presidente Lula (PT) e que isto influenciou sua análise sobre os processos.

Uma das cenas que bolsonaristas descrevem é de um encontro de Lula com Benedito Gonçalves, em uma cerimônia no TSE, em agosto de 2022, quando o presidente fez um afago no ministro, com singelos tapinhas em sua face esquerda.

Os dois se reencontraram na diplomação do petista, em dezembro do mesmo ano. Foi Benedito Gonçalves quem conduziu Lula ao plenário do TSE. O gesto que faz parte da solenidade. Ao ser chamado por Alexandre de Moraes, presidente da Corte Eleitoral, para trazer o petista à mesa de autoridades, quebrou o protocolo e disse ao pé do ouvido do colega: “Missão dada é missão cumprida”.

Em junho de 2023, o próprio Bolsonaro fez conexões ao ministro e o governo Lula nas redes sociais. “O senhor Ministro Benedito Gonçalves, relator, deu o seu voto pela minha inelegibilidade por oito anos sob a acusação de abuso de poder político em uma reunião com embaixadores. Agora, o autor da ação é o senhor Carlos Lupi, presidente do PDT e atual ministro da Previdência Social do governo Lula”, publicou Bolsonaro.

Na propositura de Welton Lemos, o vereador destaca “sua notável trajetória jurídica e seu compromisso com a justiça e o desenvolvimento do país”. Embora não tenha ligação direta com Goiânia, o vereador justifica que o magistrado possui “valores que se alinham com os ideais da capital goiana”. O projeto deve ser pautado novamente na semana que vem.

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