Ações focadas no Entorno do Distrito Federal, regionalização e qualificação da saúde, Lei de Responsabilidade Fiscal, relações entre Executivo e Legislativo e projetos políticos. Estes foram alguns dos temas comentados pelo governador Ronaldo Caiado nesta sexta-feira (14/6), em mais uma tradicional participação nos programas “O Mundo em sua Casa” e “Fala Goiás em Rede”, das rádios RBC AM e FM. Jornalistas do Clube de Repórteres Políticos participaram com perguntas.
Questionado sobre o índice de criminalidade registrado no Entorno do Distrito Federal, o governador foi além apresentando metas não só da Segurança Pública, como também de outras áreas essenciais que aquela região carece. Conforme destacou, a partir de julho ele planeja passar dois a três dias, por mês, em alguma cidade do Entorno para conhecer os problemas e tomar as medidas necessárias.
Caiado comentou o desejo de reparar um dos vários erros cometidos pela gestão passada, que envolve o abastecimento de água e o Corumbá IV – a obra do sistema produtor foi iniciada há mais de 10 anos, mas nunca concluída. “Nós goianos do Entorno estamos vendo a água passar para Brasília e o pessoal sem ter condições de receber água de Corumbá IV. Desapareceram com o dinheiro, foi mais um escândalo que está ocorrendo na região”, relatou, ao fazer um compromisso: “Vamos recuperar o Entorno. O Entorno não será mais terra do nem, nem. Será uma região de Goiás, será respeitada como região de Goiás”, destacou.
O tom do governador sobre as soluções para o Entorno do DF foi o mesmo utilizado em cada momento da entrevista, quando questionado sobre a qualidade de vida do cidadão. Caiado frisou que todos os goianos irão sentir a presença do Estado em todas as áreas, especialmente na Saúde, Segurança e Área Social. “O foco do governo Ronaldo Caiado é o cidadão. Não é outdoor, nem obras faraônicas”, assegurou.
Outros assuntos
A efetividade da gestão na saúde será percebida em breve, na avaliação do governador, com a instalação da primeira policlínica, das 17 previstas, na cidade de Posse. “Esse é um grande desafio, porque temos um universo de 7 milhões de goianos, no qual muitos dependem do atendimento em Goiânia, Anápolis ou Aparecida de Goiânia. Os outros municípios de Goiás ficaram descobertos por todo esse tempo. Nós teremos as regiões atendidas, e os cidadãos sentirão a presença do Estado na área da saúde, ao darmos celeridade aos resultados em termos de diagnóstico e, ao mesmo tempo, o tratamento adequado às pessoas do interior”, afirma.
Questionado sobre o sentimento que possui após quase seis meses à frente do Poder Executivo, Caiado afirmou que a experiência tem sido “desafiadora”, mas que sua trajetória como deputado federal e senador lhe permitiu adquirir a consciência de que um gestor não governa sozinho e que, pra isso, é fundamental manter o diálogo com as outras esferas. “O perigo do Executivo é a vaidade e a arrogância. O cidadão que chega ao cargo de Governador do Estado, achando que é dono da verdade, ou impondo sua vontade pela tirania, terá sua sobrevivência limitada. Esse é caminho para desmandos, corrupção, desvios de função e prepotência. Neste aspecto da vida pública, o Legislativo é educativo, porque nele você não manda. Você tem que convencer os parlamentares para que o apoie”, refletiu.
Caiado também fez críticas às emendas de número 54 e 55 da Constituição Estadual de 2017, que retiraram do ponto de gastos com o pessoal o pagamento de pensionistas do Imposto De Renda, consideradas por ele uma “interpretação criminosa da Lei de Responsabilidade Fiscal”. “A lei impõe regras claras ao governador para gastos com custo da folha de pagamento, cujo percentual não pode, de maneira alguma, ultrapassar 54%. O que foi praticado pelos governos anteriores? Eles apresentaram uma emenda à Assembleia e aprovaram algo inédito: a Constituição de Goiás revogando uma lei complementar do Governo Federal, não considerando os pensionistas e o imposto de renda. É como se essa parcela tivesse desaparecido”, desaprovou.
O governador completou dizendo que conversou sobre a questão há dois dias com o ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal, que na opinião do governador, deve derrubar a medida. “Esperamos também que o Supremo diga quais os critérios que teremos para que ao contabilizarmos aposentados, pensionistas e impostos de renda, se estamos acima do permitido, e quais são as ferramentas e instrumentos para trazermos Goiás ao percentual de 54%. Esse será o nosso grande desafio”, prevê.
Também foi assunto da entrevista a relação com o Governo Federal que, mesmo com toda articulação e prestígio do goiano em Brasília, ainda não sinalizou envio de ajuda para superar a calamidade financeira. “Esse é o lado que tem me tirado 100% da tranquilidade, pela responsabilidade que tenho como governador. Sou bastante ativo em Brasília sim, porque fiz o dever de casa e é por isso que vou continuar cobrando essa ajuda do ministro Paulo Guedes”, pontuou.
Caiado também foi questionado quanto à sua vida política e se já tem novos planos. “Encerrar minha vida política está longe do meu pensamento. Estou extremamente alegre, porque lutei a vida inteira para chegar aqui. Não vou querer suprimir etapas neste momento. A pretensão de ser candidato à reeleição ou a outro cargo qualquer vai depender exatamente se vou ter o reconhecimento da população, de que valeu a pena votar no Ronaldo Caiado. Eu não posso é decepcionar a esperança que foi depositada em nós neste momento. A minha pretensão é continuar a vida política com o espírito que eu tenho, de que pode se fazer boa política com transparência, honestidade, em que o cidadão se sinta valorizado pelo voto que deu. Não faço política por questões econômicas, financeira e muito menos patrimonial, mas porque eu amo o meu Estado de Goiás, brigo e sou apaixonado por ele.”