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Covid-19 vai aumentar fosso educacional entre crianças pobres e ricas


Avatar Por Redação em 24/08/2020 - 00:00

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A volta ou não das aulas em razão da pandemia gera dúvidas e discussões no público e entre as autoridades. Uma questão, porém, parece certa: as restrições sanitárias impostas pela Covid-19 devem aumentar a desigualdade educacional entre crianças pobres e ricas. É o que mostram os resultados de uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva: 55% dos estudantes da rede pública dizem que a Covid-19 impactou muito a qualidade das aulas, contra 39% dos estudantes da rede privada.

O recurso ao ensino remoto como forma de mitigar a suspensão das aulas presenciais revelou também os efeitos da exclusão digital. Somente 21% das crianças das classes D e E têm acesso a computador para acompanhar aulas via internet; esse índice entre as classes A e B é de 75%. Nas classes D e E, 73% das crianças dependem exclusivamente do celular para acessar a internet; nas classes A e B, 74% das crianças contam com celular e computador. “A dependência do celular acentua a situação de exclusão. O sinal de internet não costuma chegar com qualidade aos territórios de baixa renda e os pacotes de dados móveis são caros para essa população”, explica Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.

Outro dado que chama atenção de Meirelles é o fato de 89% dos professores da rede pública admitirem que não possuíam experiência prévia com ensino remoto. “O que afeta diretamente a qualidade das aulas. Isso, somado à exclusão digital, revela uma situação que deve – essa sim – aumentar ainda mais o distanciamento social entre pobres e ricos”, diz Meirelles. Não é por outra razão que 75% dos pais que moram em favelas têm muito medo de que os filhos repitam ou percam o ano escolar. “A desigualdade educacional forma um crime perfeito com a desigualdade de renda, uma vez que cada ano de estudo impacta em 15,6% a mais na renda média das pessoas”, explica Meirelles.

 

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