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Dieselgate: fraude em motor de VW Amarok pode atingir 200 mil clientes no Brasil


Avatar Por Redação em 10/12/2020 - 00:00

O escândalo global Dieselgate, em que a Volkswagen assumiu publicamente ter também afetado consumidores brasileiros, pode ser de dimensões maiores que o investigado até o momento. Uma nova Ação Civil Pública, ajuizada em setembro, aponta que o número de picapes atingidas pode ultrapassar os 80 mil, pois leva em consideração que o software fraudulento do motor EA189, que equipa a picape Amarok, esteve também presente nos modelos fabricados entre parte de 2012, 2013, 2014 e 2015.

A fraude que desencadeou o Dieselgate consistiu na instalação de um software programado para controlar as emissões de óxido de hidrogênio (NOx) do motor EA189 conforme o ambiente de uso da picape Amarok, de modo a burlar os testes de emissões de poluentes e enquadrar o veículo nas exigências da legislação vigente. Nos testes em laboratório, o veículo soltava menos poluentes pois o dispositivo mapeava a posição do volante e ritmo de rolagem das rodas, identificando se tratar de um ambiente controlado, dando à montadora a chancela de órgãos de fiscalização quanto à aderência do veículo à legislação ambiental vigente. Já no uso em ruas, o software se desligava, fazendo com que a emissão ficasse acima do que havia sido mensurado causando danos ao veículo e por consequência aos consumidores.

O empresário Gustavo Carli, de Uberaba/MG, foi um dos consumidores prejudicados pelo dispositivo fraudulento, o qual provocou problemas técnicos de uma Amarok modelo 2014, equipada com o motor EA189. A válvula EGR, que atua na troca gasosa do motor, passou a roubar água do radiador sem aviso, o que levou o motor a se fundir. “Fiz todas as revisões do manual, em nenhuma delas fui alertado sobre este problema, que é crônico”, lamenta Carli. “Quando o motor fundiu, precisei arcar com o conserto de R$ 30 mil sozinho, pois ocorreu justamente após o fim da garantia”, complementa.

O consumidor pondera ainda que, antes dessa Amarok, teve outras duas, de modelos 2011 e 2012, que eram usadas, e ambas tiveram um problema semelhante no câmbio – embora a primeira fosse manual e a segunda, automática. Por ser um entusiasta da picape, decidiu investir mais e comprar a terceira, zerada. No fim, além do prejuízo para arrumar o dano, viu-se obrigado a revender o carro por um preço consideravelmente menor que o da tabela, por conta de todo o histórico.

“Das centenas de proprietários de Amaroks que se cadastraram na nossa plataforma, 90% tiveram altos gastos com manutenção. Em média, eles gastaram R$ 14.007,00. Alguns consumidores relatam prejuízos superiores a R$ 50 mil. A grande maioria dos problemas estão relacionados a válvula EGR e a correia dentada e é comum a todos os modelos fabricados entre 2011 e 2015” destaca Bruno Dollo, CEO da Regera.vc, plataforma de tecnologia contratada pela associação responsável para viabilizar a antecipação dos direitos dos consumidores.

A nova Ação Civil Pública que reivindica o enquadramento de uma quantidade maior de modelos de Amarok no escândalo leva em consideração o histórico do caso no País e questiona a falta de transparência da VW não apenas com os proprietários do veículo, mas também com os seus futuros clientes e a sociedade em geral. “A Volkswagen confessou que se tratava de uma fraude envolvendo mais de 10 milhões de veículos equipados com o motor EA 189 e comercializados entre 2011 e 2015 em todo o mundo. No Brasil, contudo, a Volkswagen Brasil informou que apenas Amaroks vendidas em 2011 e parte de 2012 estariam afetadas. Apesar de conterem o mesmo motor, até hoje a montadora nunca apresentou qualquer explicação clara do porquê das demais Amaroks não conterem o dispositivo”, indaga Bruno Poppa, sócio do escritório Tepedino, Berezowski e Poppa Advogados, que assessora a Assecivil.org (Associação de Defesa dos Direitos dos Consumidores), que representa os consumidores lesados. “A Assecivil promoveu uma ação civil pública em face da Volkswagen para tutelar os direitos dos consumidores que adquiriram as Amaroks também nesse período de 2012 a 2015. A Volkswagen tem o ônus e o dever de apresentar todas as informações e indenizar todos os afetados”, conclui Poppa.

Foi criado um site que traz todos os detalhes do caso: www.dieselgate.com.br

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