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Entrevista | “Ele tem o CPF, ele que é o gestor, ele que é o responsável pela cidade”


Avatar Por Redação em 10/05/2021 - 00:00

Autor de documento com 25 assinaturas de vereadores que ajudou a impedir a antecipação da eleição da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Goiânia, e que possibilitaria um terceiro mandato para o atual presidente, Romário Policarpo (Patriota), o vereador Leandro Sena é hoje um dos mais próximos ao prefeito Rogério Cruz, seu colega de partido no Republicanos, do qual ele é líder na Casa. Ele revela que a meta da legenda é eleger senador o hoje deputado federal João Campos, em 2022. Para isso, destaca como trunfo o fato de administrarem o maior colégio eleitoral do Estado: Goiânia.

Sena defende que o plano de governo apresentado pela coligação que elegeu Maguito Vilela tinha a participação também do Republicanos e dos outros partidos que compuseram a coligação. Ele diz que o plano será seguido e cumprido, na forma de um Plano de Governança, que será apresentado pelo prefeito. O vereador foi um dos primeiros a cobrar espaço para o Republicanos na composição da equipe administrativa formada pelo MDB, antes da morte de Maguito.

O vereador fala ainda das relações do Paço com o MDB e garante que o rompimento foi decisão da direção do partido, e não dos vereadores da legenda, “que são quem tem a legitimidade dos votos”.

TRIBUNA DO PLANALTO – Quais são os projetos do partido Republicanos para 2022, considerando seu crescimento, agora tendo em seus quadros o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, o deputado federal João Campos, o deputado estadual Jeferson Rodrigues e três vereadores na capital?

LEANDRO SENA – Nosso objetivo é fazer um senador da República. Já está consolidado o nome do deputado federal João Campos, que será nosso candidato a senador, buscaremos fazer dois deputados federais, no mínimo. O puxador de votos é o deputado Jeferson Rodrigues, que está engajado. Eu também estou ajudando a formar a chapa de deputados federais para fazer essa bancada de dois a três deputados. O vereador Sargento Novandir, juntamente com o bispo Ricardo Quirino, que é da Igreja Universal, e Johnathan Medeiros, que é secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação de Aparecida de Goiânia, estão coordenando a chapa de deputado estadual. Pretendemos eleger quatro deputados estaduais. O projeto de 2022 passa por esse caminho e tem o apoio do maior colégio eleitoral do Estado de Goiás, que é Goiânia, e que será coordenado por nosso prefeito, Rogério Cruz.

Antes do rompimento do MDB com o prefeito Rogério Cruz, o senhor clamava a participação do Republicanos na administração municipal. Qual a avaliação faz hoje da presença do partido na prefeitura?

A presença do partido na prefeitura é de direito. No momento em que o prefeito Rogério Cruz assumiu, em função da fatalidade [morte do prefeito eleito Maguito Vilela], o que não esperávamos que ia acontecer, nosso partido não tinha espaço nenhum. Eu mesmo questionei nos jornais, nas direções estadual e nacional, e nós aguardávamos o momento em que isso poderia ter uma ampliação maior. Ocorreu que o próprio prefeito entendeu essa conjuntura, ele tem o CPF, ele que é o gestor, ele que é o responsável pela cidade. Nessa abertura, nesse diálogo constante, Rogério Cruz respeita as gestões anteriores, todos nós respeitamos, mas ele deixará a sua marca própria, a marca da governança, essa é a palavra-chave. Existe um plano de ação, uma agenda estratégica e, a partir do momento que teve esse entendimento e, ao mesmo tempo, o MDB entregou seus cargos, houve um fortalecimento que já era natural, que era esperado de acontecer. A gente sempre respeitou os partidos políticos aliados, tanto é que, hoje, a Câmara Municipal tem vários partidos políticos com as suas reapresentações e que fazem parte da gestão do Executivo e que apoiam o prefeito no Legislativo. E isso se dá através de muito diálogo, de respeito e de representatividade.

Hoje, a maioria dos vereadores tem indicações na prefeitura, inclusive em cargos de primeiro escalão, o que vem sendo criticado. Como essa intersecção entre os dois poderes pode interferir no papel fiscalizador da Câmara?

Vou falar por mim, como vereador, e cabe a cada vereador ter a interpretação do que ele pensa: ser um despachante do Paço Municipal ou um legislador e um fiscalizador, que é prerrogativa maior do vereador. Estou exercendo meu papel no sentido de cumprir essas prerrogativas e buscando, no Poder Executivo, porque ele que delibera sobre as obras, as ordens de serviços e as reivindicações do Orçamento e também as demandas que existem na cidade. Eu tenho essa interação e tenho buscado esse papel. Agora, a reciprocidade em relação à base aliada, isso acontece em todas as Casas do Brasil; existe uma base aliada e existe oposição. Cabe ao prefeito determinar as indicações, mas eu sempre lutei e lutarei pela independência e o respeito harmonioso entre os Poderes.

Não é possível avaliar individualmente, porque é o conjunto de vereadores que forma a imagem da Câmara. Qual a imagem que o senhor acha que essa Câmara, tão entranhada com o Executivo, passa para a sociedade?

A imagem que eu quero trabalhar da Câmara é que seja o contrário da que teve a legislatura anterior, que, segundo algumas pesquisas, era muito reprovada, foi muito pouco aproveitada, teve pouca produtividade. O balanço deste início de legislatura — em relação à forma como cada vereador se posiciona na visão do povo goianiense — eu acho positivo. Vejo muitos vereadores debatendo vários temas, da saúde, do meio ambiente, do social, buscando benefícios para os bairros. Eu quero, inclusive, pedir que venham avaliar a Câmara de forma didática: qual é a visão que a população tem em relação à Câmara? Essa avaliação quem tem que fazer é a população, por meio de pesquisas qualitativas para saber o que eles pensam em relação à Câmara. Eu acredito que essa parceria harmoniosa do Executivo com o Legislativo tem promovido várias frentes de trabalho, atendendo aos vereadores. Eu, particularmente, vou duas ou três vezes por semana ao Paço buscar apoio e autorização para as demandas da cidade. Isso mostra que o Poder Executivo é que executa e o vereador cobra as reivindicações.

A crítica do senhor quanto à baixa produtividade da legislatura passada é em relação à produção legislativa ou a ações de atendimento às demandas da população? Hoje, essa proximidade dos vereadores com o Executivo facilita que os vereadores exerçam um papel mais executivo no sentido de viabilizar obras e ações?

É totalmente diferente, nada parecido. Cada um exerce seu papel. Não faço crítica, são dados de uma pesquisa, não me lembro bem qual, na qual a Câmara não tinha a produtividade que a sociedade goianiense esperava. Essa Câmara tem uma parceria com o Executivo como sempre existiu e eu acabei de dar meu depoimento: eu despacho, levo minhas reivindicações. Um dos projetos que aprovei agora foi o fura-fila, que penaliza quem não respeitar a fila de vacinação. Criei a lei, foi aprovada e o Executivo sancionou. Então, a produtividade do meu gabinete é possível porque tenho tido a parceria dos vereadores. Em relação ao Executivo, eu tenho tido apoio para autorizar algumas demandas, ou seja, existe produtividade e a maioria dos vereadores está tendo produtividade. Nessa Câmara, há muita produtividade, vereadores atuantes, vereadores comprometidos com as causas sociais e com a bandeira que cada um representa.

O prefeito Rogério Cruz não tinha um plano de governo próprio. Ele vai dar continuidade ao de Maguito Vilela, como prometeu, ou agora que o MDB, que havia elaborado o plano de governo de Maguito, deixou a prefeitura, vai elaborar um outro?

Eu não entendi quando você fala sobre o plano do MDB. O plano de governo foi do Republicanos e do MDB, foi uma proposta de plano de governo de ambos. Com a fatalidade, quem assumiu foi Rogério e ele vem cumprindo esse plano, e quando se fala em não dar continuidade a governos anteriores e construir sua própria marca isso está claro: criamos, agora, já está no plano de governo que foi apresentado à população, três casos concretos e outros vão acontecer no decorrer da gestão. O IPTU Social é uma realidade, e está no plano de governo; Renda Família, programa que ajuda as famílias carentes, proporcionalmente o maior do Brasil com quase R$ 300; iniciamos, recentemente, o projeto de ampliação do atendimento à saúde com a contratação de quase 700 técnicos e profissionais de saúde, como médicos e enfermeiros. O plano de governo estabelecido na campanha está tendo continuidade, inclusive está sendo discutido, agora, uma forma de atender às famílias carentes em relação à habitação. Não há dúvida nenhuma de que o Poder Executivo, hoje comandado pelo Rogério, também dará a sua contribuição com outros avanços na governança. Eu posso afirmar que o plano de governança, apresentado recentemente para os secretários, alinha o pensamento da cidade de Goiânia e que será apresentado a todos os goianienses.

O prefeito tem reformulado o secretariado para que a administração esteja mais alinhada ao perfil dele. Todavia, essa equipe vai dar continuidade a um plano de governo implantado pela equipe do MDB, que deixou a prefeitura.  Não há uma incoerência nessa movimentação?

Como é incoerente sendo que foi um plano de governo elaborado por todos os partidos da coligação? Fez-se um plano de governo e está-se cumprindo o plano de governo. Em relação à decisão do partido de sair uma parte e os seis vereadores permanecerem, vejamos: seis vereadores legítimos, que foram votados, permanecem na gestão. Eles fazem parte do MDB. Eles são representantes legítimos da cidade de Goiânia, não são dirigentes partidários. Quem representa é quem tem a legitimidade dos votos. Há suplente de vereador do MDB assumindo cargo no Executivo, de pastas importantes. O MDB está sendo contemplado, mas se alguns dirigentes tomaram a decisão de sair, isso não atrapalha em absolutamente nada. O prefeito está olhando para a frente, para o plano de governo e para o plano de governança, que é a marca do prefeito e está sendo implementado. E isso cabe a ele. Ele que é Executivo, ele que toma as deliberações.

O plano de governança estava contemplado no plano de governo?

Não. O plano de governo foi estabelecido na campanha, ele é separado do plano de governança, que é do próprio Rogério Cruz. Ele será apresentado por ele. Sou legislador e não posso falar pelo Executivo. Mas são planos bons que vão ao encontro dos interesses da sociedade.

A mãe do senhor morreu em decorrência da Covid-19. Qual a avaliação que o senhor faz da gestão de combate à pandemia?

Eu vejo com muita preocupação. Passamos um momento mais difícil, com dados muito preocupantes, e, agora, com a redução dos números, foram liberando o funcionamento de algumas atividades. Mas é uma questão que exige cautela, cuidados com distanciamento, uso de máscaras, uma série de medidas a serem adotadas no dia a dia. A prefeitura está fazendo seu trabalho de testagem em massa, salvo engano cerca de 5 mil pessoas semanalmente, dando a sua contribuição. A Câmara fez um aporte de R$ 5 milhões em doações para o Executivo, a prefeitura fez um empenho de R$ 55 milhões para aquis­­ição das vacinas, porque o objetivo é vacinar todos os goianienses. Infelizmente, essa burocracia que existe na Anvisa para aquisição da vacina está impedindo a compra. Mesmo assim, Goiânia está na frente, já está empenhado o valor para comprar as vacinas. Tendo oportunidade, vai comprar. Mas é uma preocupação muito grande porque a Covid-19 traz desemprego, traz fome. Eu tenho feito o meu melhor para ser solidário. A palavra é solidariedade, o que precisamos ter nesse momento de pandemia.

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