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Entrevista | “Se não tivéssemos projetos como o ProGoiás não teríamos como atrair empresas”


Avatar Por Redação em 22/11/2021 - 00:00

O novo secretário de Indústria e Comércio, Joel Sant’Anna, tem como desafio apoiar as empresas na superação das dificuldades geradas pela pandemia de Covid-19 e contribuir para a geração de empregos no estado. Para isso, ele conta com os programas de fomento de Goiás, entre os quais novo programa de incentivo fiscal, o ProGoiás, e um conjunto de estruturas logísticas, como o Porto Seco e o aeroporto de cargas, que está sendo construído em Anápolis. 

TRIBUNA DO PLANALTO – O senhor assumiu a Secretaria de Indústria e Comércio (SIC) em meio a uma crise que aumentou o desemprego. Como a pasta pode contribuir para a geração de emprego? 

JOEL SANT’ANNA BRAGA – O governador Ronaldo Caiado, assim que assumi a secretaria, determinou que trabalhássemos para trazer novos empregos e renda para o estado, fosse atrás de todos os projetos já em andamento nas secretarias e procurasse os empresários de todos os setores para que o governo possa atendê-los de maneira que tenhamos um ambiente de boa convivência para poder gerar os empregos necessários. Neste período de pós-pandemia, o governo está com a folha de pagamento em dia e o governador fez um grande trabalho na área de Segurança Pública, o que também dá segurança para os empresários virem para Goiás. O roubo de veículos, no último ano, caiu e até o seguro chegou a baixar mais de 40%. Tem também a questão do bom ambiente da logística do estado com o Porto Seco e o aeroporto de carga que, brevemente, estará em operação em Anápolis, um modal excepcional com saídas para três portos, podendo fazer a interligação entre o Brasil todo para o escoamento da safra. Há também investimentos na área de petróleo, com transbordo na cidade de Anápolis, e as empresas petrolíferas estão procurando a SIC para poder fazer esse investimento. O ambiente em Goiás é muito promissor. O governador, mesmo com a pandemia, conseguiu equilibrar as contas com todas as dificuldades que o Brasil e o mundo passaram e, agora, todos podem reconhecer as ações que ele tomou no momento certo. Isso fez com que Goiás tivesse um dos maiores índices de vacinação. Esse esclarecimento é muito importante. Na retomada da economia, vamos precisar dar as mãos para aquelas empresas que ficaram em prejuízo e a setores da economia que tiveram maior prejuízo do que outros durante a pandemia porque foram diretamente afetados e ainda não retomaram as atividades totalmente, como os restaurantes, o setor de eventos, de turismo e de festas, que empregam muita gente. A secretaria também cuida dos serviços e precisamos olhar para essa área que emprega um grande número de pessoas, assim como o comércio e a indústria. O governador pediu para que trabalhasse na interiorização, buscando novas indústrias para atender municípios que não tenham essa atividade. Sabemos que, às vezes, não há mão de obra, mas o governo tem o braço de qualificação profissional e parcerias com a UFG e escolas próprias de qualificação, como o Sesi, Sesc e Senac, para atender essa qualificação. Muitas vezes, chegam empresas e indústrias e, naquela região, não tem mão de obra. Isso é um problema do Brasil. 

As pessoas querem fazer curso universitário, mas em alguns municípios não há vagas para nível superior e, sim, para nível médio. É importante a pessoa ter curso superior, mas temos que seguir o exemplo dos países que mais evoluíram no mundo, Alemanha e Estados Unidos, onde, em uma obra, quem está à frente é o mestre de obra, que tem um curso de qualificação profissional, e o engenheiro fica no escritório, fazendo os projetos. Hoje, uma pessoa que tem uma especialização de nível médio, um eletricista, às vezes, chega a ganhar mais que uma tem curso superior. A UEG teve um papel importante na formação dos professores e fez uma mudança no estado. No início da UEG não tínhamos professores suficientes para atender o interior do estado. Se não tem professor, não tem formação e o jovem não terá condições de ter uma qualificação ou optar por um curso de nível superior. 

O que a SIC pode fazer para atrair empresas para os municípios que estão fora do eixo de escoamento da produção, além da qualificação profissional? 

É importante que a SIC olhe os 246 municípios do estado a partir da distribuição regional e de renda e que procure junto aos prefeitos – e tem muitos prefeitos que têm essa parceria com o governo do estado e com a SIC – para trabalharmos em conjunto. O gestor municipal tem que estar com essa conexão para que possamos quebrar uma dificuldade que a empresa possa enfrentar de logística, por exemplo. Eu estive na Mitsubishi, em São Paulo, que foi a primeira montadora de Goiás e está instalada no município de Catalão, e eles nos relataram as dificuldades logísticas que enfrentam. Muitas vezes, têm que trazer mão de obra dos terceirizados e as peças são de parceiros que estão no Sul. O porto está a mais de mil quilômetros de Goiás. O diferencial são os incentivos que Goiás dá e permitiu que fábricas, como a montadora de automóveis, viessem se instalar em Goiás. Se não tivéssemos esses projetos, como o ProGoiás e, em momentos anteriores, o Produzir e Fomentar, não teríamos como atrair empresas para essa região. Assim como em Catalão, temos que propiciar a instalação de indústrias em municípios que não tenham logística, mas que compensem de outra forma. A compensação vai ser positiva para o estado, mesmo que ele abra mão de receita por conta do incentivo, porque ele terá emprego e geração de renda, o que é importantíssimo. O emprego dá dignidade à pessoa e leva comida à mesa do cidadão. Isso evita outros problemas sociais e familiares porque o emprego faz parte de uma cadeia. O governo tem que pensar como um todo, não pode ser um burocrata, pensando friamente em números, sem ver a distribuição de renda no estado e a área social. O emprego evita o problema social, que gera outros gastos para o governo. O trabalho da SIC é o de buscar o prefeito, fazer o estudo e levantamento das indústrias, das empresas e do comércio e garantir que essa empresa tenha um local com bom ambiente e também tenha lucro. Essa mola propulsora da economia, que é o emprego e a empresa, tem que funcionar em consonância com a realidade. 

O aeroporto de carga de Anápolis resolveria o problema de logística das empresas. Tem previsão de data para iniciar a operação?  

A Infraero já fez a análise da pista porque a recebemos com alguns problemas técnicos e o governo de Goiás já está tomando as medidas cabíveis. Precisamos também de autorização da área jurídica para fazer a intervenção que a Goinfra está preparando com muita competência para fazer todos os acertos que a Infraero pediu que fizéssemos. É importantíssimo esse aeroporto de cargas, até porque tenho notícias que empresas internacionais querem deslocar o eixo do exterior para importação e até para logística dentro do Brasil. Com a pandemia, acelerou muito o comércio via internet, as vendas virtuais, e temos que nos adaptar a essa realidade porque não tem volta. Algumas empresas têxteis de São Paulo me falaram que as vendas – principalmente daquelas empresas têxteis que fabricam produtos já acabados – não diminuíram com a pandemia. No período mais crítico da pandemia, que foi durante o lockdown, as pessoas não tinham outra opção de compra, só pela internet, e várias indústrias estão aumentando a cada dia a venda pela internet. Essa é a realidade hoje. Crianças de três, quatro anos sabem fazer compras pela internet mais rápido do que o pai. Até alimentos as pessoas que trabalham muito e não têm tempo de ir ao supermercado estão comprando. Isso é uma logística, e o aeroporto de cargas vai fazer uma logística em outro grau, não aquela local, mas entre o estado e o mundo. Sendo assim, precisamos também estar em consonância com o comércio exterior. Já conversamos no Ministério das Relações Exteriores, com os embaixadores que trabalham no setor de comércio exterior, e marcamos uma reunião em Brasília para afinar nossas relações e oferecer o aeroporto de cargas. O governador Ronaldo Caiado, na semana passada, inaugurou com o general Floriano Peixoto Vieira Neto, um centro de distribuição dentro do Daia e o presidente dos Correios disse que o abriram em Anápolis por conta da estrutura de logística que está sendo construída no Centro do país. Até as empresas internacionais chinesas e sites que têm aviões próprios estão querendo descer em Anápolis para trazer, não só mercadorias da China, mas de outros países. Essas grandes empresas internacionais vendem também produtos dos empresários brasileiros, Magazine Luiza e Lojas Americanas, por exemplo. Esse é o mundo atual. A empresa monta a logística e tem que aproveitar essa logística para distribuição porque, às vezes, o frete é mais caro que o produto. Essa logística de distribuição é importante, porque, tendo uma logística que escorre fácil pelo Brasil todo, que tenha essa capilaridade, o custo para chegar na casa de todos os brasileiros vai baixar. Baixando o custo, a empresa brasileira vai poder fabricar mais e não vamos precisar buscar produtos de outros países, incentivando a indústria brasileira. O mundo ficou pequeno hoje. O brasileiro tem essa maleabilidade e se adapta mais fácil à realidade financeira, mas a pandemia foi uma catástrofe mundial para qual que nenhuma economia do mundo estava preparada. O Brasil vinha de uma desaceleração comercial desde o governo Dilma Rousseff, enquanto Estados Unidos e Europa estavam bem equilibrados. O Brasil sofreu mais porque vinha de uma desaceleração econômica e começava a ter equilíbrio; estávamos em crescimento econômico quando veio a pandemia. O governador conseguiu fazer esse equilíbrio, segurou o caixa, precisou fazer ajustes, os empresários entenderam e a Assembleia também teve essa sensibilidade. Precisamos agora acelerar o atendimento aos pequenos, médios e grandes empresários neste momento em que a economia está crescendo, apesar da inflação e de todos os problemas que temos passado. Precisamos fazer esse elo de ligação entre o privado e o público para achar alternativas, como o microcrédito da GoiásFomento, que tem recurso de até R$ 5 mil sem burocracia; o FCO; o PróGoias novo, que é o programa de incentivo fiscal com crédito outorgado. Precisamos mostrar para os empresários as vantagens do ProGoiás, um programa do governo Ronaldo Caiado que modernizou os incentivos, que simplificou os cálculos que havia nos outros programas e também facilitou os juros. 

De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o saldo de empregos no ano passado foi de 23 mil. Hoje, o saldo é de mais de 107 mil empregos com carteira assinada. Qual a margem para o crescimento do emprego em Goiás?  

O processo está crescente. No ano passado, mesmo no auge da pandemia, o agronegócio ajudou a segurar a economia goiana e esse entrelaço entre o agronegócio, indústria e comércio faz com que o Goiás tenha vantagem perante os outros estados. Temos também a vantagem logística, pois estamos localizados no Centro do país, e qualquer mercadoria que sai de Anápolis está a mil quilômetros dos maiores centros consumidores do país. Temos a obrigação de fazer com que esses números venham a crescer cada dia mais e o que precisamos é escutar o setor empresarial para que possamos ajustar toda a engrenagem para que os setores privado e público possam ter essa boa convivência, como já vêm tendo com o governador Ronaldo Caiado, que é um homem sensível e também um empresário rural. Eu trabalhei com o governador durante muitos anos, fui do PFL e do DEM, e hoje estou no PP por conta do meu irmão, Alexandre Baldy, que assumiu a presidência do partido. Mas conheço o governador Ronaldo Caiado e sei que ele é um homem moderno, que lê muito, estuda muito e tem conhecimento. O estado vem crescendo e queremos dobrar o número de empregos. A primeira-dama Gracinha Caiado tem feito um trabalho exemplar na área social, atendendo as pessoas que ainda estão em vulnerabilidade social para que elas possam ter dignidade e alimento. 

As micro e pequenas empresas são as que mais geram emprego no país. A distribuição de recursos do FCO conta com algum diferencial para essas empresas?  

O FCO tem diferenciais e temos também outras linhas de crédito mais simples, como as do GoiásFomento, que até R$ 5 mil não tem burocracia e o empresário não precisa ter a documentação toda que o FCO exige. Temos outras alternativas dentro da estrutura do GoiásFomento, mas precisamos antes dar treinamento. No Mutirão, vamos atender a Região Noroeste, uma região desassistida na questão de geração de emprego e renda. O emprego é resultado do trabalho em conjunto de várias secretarias, Educação, Saúde e Meio Ambiente. A SIC faz o papel de aglutinar todas essas estruturas e mostrar para os empresários as vantagens que temos: uma boa estrutura, a logística e um governo que quer atrair empresas e gerar empregos, mas precisamos ao mesmo tempo fazer com que as empresas instaladas no estado possam ter apoio para passar por esse momento. 

Goiás foi um dos estados mais duros em relação ao isolamento social, o que gerou um desgaste com o setor empresarial. Como está o diálogo com o fórum empresarial?  

Eu não acho que o governador Ronaldo Caiado foi um dos mais duros, haja vista que outros estados do Brasil reabriram muito depois que Goiás. É importante dizer que as medidas foram tomadas no momento certo. O governador pode ter sido duro, mas como médico, ele teve um pulso firme e conseguimos sair mais cedo da pandemia. São questões pontuais que já foram superadas porque o resultado foi bom para todos. Eu sou empresário em Anápolis e tivemos prejuízos, sentimos na pele, mas em nenhum momento deixei de apoiar o governo. Eu já visitei todas as entidades, Fieg Acieg, Adial, Fecomércio, tenho bom relacionamento com todas de outros períodos e tenho as portas abertas nessas instituições. O governador pediu que escutássemos todas e as atendessem dentro de toda a legalidade. Essas entidades são importantíssimas porque representam a geração de emprego e renda do estado. Elas vão nos trazer a real necessidade do momento para que possamos tomar medidas mais rápidas para que a economia também volte mais rápido. 

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