Dentro da bolha bolsonarista, a visita do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em terras goianas foi um sucesso. Mexeu com os ânimos de uma militância bolsonarista que, há pouco menos de dois anos, chorava a derrota diante das urnas. Nas cinco cidades que o capitão visitou, o bolsonarismo não escondia a idolatria por seu eterno mito.
A grande surpresa nos lançamentos das cinco pré-candidaturas foi Fred Rodrigues, o ex-deputado estadual que, a partir de agora, vai encabeçar o projeto antes liderado pelo deputado federal Gustavo Gayer. Rodrigues se define como empresário, escritor e comunicador. Gradativamente, ele foi crescendo e ganhando capital dentro de sua bolha a partir do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016.
Com a ascensão de Bolsonaro à presidência da República, em 2018, Gayer e Fred tornaram-se símbolos do bolsonarismo goiano. Articulado e com boa retórica, o escritor chegou a ser chefe de gabinete da vereadora cassada Gabriela Rodart (hoje no Solidariedade), eleita na cola de Gayer, em 2020, mas acabou rompendo com a parlamentar e deixou o cargo ainda em 2021.
Fred, entretanto, seguiu seu caminho e conseguiu 42 mil votos ao final das eleições em 2022. Metade deles, só em Goiânia. Com Rodrigues na Alego e Gayer, na Câmara, a dupla consolidou a dobradinha que já existia há 8 anos. Inseparáveis, tornou-se natural que o arranjo os colocasse na “chapa-pura dos sonhos” de muitos bolsonaristas. Era um preâmbulo para anunciar o que muitos já diziam: cedo ou tarde, Gustavo recuará para deixar Fred encabeçar o projeto.
Mas toda essa trajetória, besuntada entre poder e idolatria, lhes rendeu alguns desgastes internos: o ex-deputado federal Major Vitor Hugo, que se lançou pré-candidato em Goiânia, mas via com bons olhos a disputa ao Paço Municipal.
Outro que nunca escondeu seu desejo de disputar a Prefeitura representando o PL é o deputado estadual Eduardo Prado. Tão logo Fred foi anunciado, ele subiu na tribuna da Alego para dizer que a bancada liberal em Goiás não havia sido comunicada da decisão e que iria buscar meios para chegar às urnas, representando seu partido.
CONVERGÊNCIA Fred afirma à coluna que seu nome não foi imposto, mas que a cúpula do partido entendeu que ele seria o mais apropriado para levar o projeto bolsonarista na capital adiante. Diz que vai aparar as arestas para que o PL não caminhe dividido nas eleições. O pouco mais de um ano na Alego acabou empurrando Rodrigues para um espectro menos extremista e mais à centro-direita.
Antecipado
A cúpula do PL cogitava há pelo menos dois meses lançar o nome de Fred Rodrigues na disputa ao Paço. A movimentação, inclusive, foi antecipada nesta coluna, na edição da semana do dia 15 de junho.
Surpresa
Fred Rodrigues revelou a este colunista, no entanto, que a notícia o pegou de surpresa. A cúpula do PL começou a executar a troca de Gayer, numa reunião na noite da terça-feira (18), na casa do senador Wilder Morais, que preside o partido em Goiás.
Abençoado
Com a participação do ex-presidente Jair Bolsonaro, Fred Rodrigues teve seu nome ‘abençoado’ pela cúpula. Ficou desenhado que Gustavo Gayer vai focar na oposição petista e em uma das cadeiras do Senado Federal, em 2026.
Teto de vidro
Opositores de Gayer vão tentar emplacar a narrativa de que o deputado federal foi forçado a recuar diante de casos polêmicos em sua biografia. Supostos casos de embriaguez ao volante, relacionamento conturbado com a mãe e até o seu divórcio recente, num casamento que durou 20 anos.
Receita de bolo
O jornalismo responsável pede o posicionamento do outro lado, sempre. Entretanto, o deputado federal desrespeita a imprensa ao enviar receita de bolo como resposta aos questionamentos.
Republicano
De maneira civilizada, no entanto, Fred Rodrigues atende jornalistas, concede entrevistas e responde perguntas. Conversas com jornalistas são, em sua grande maioria, desconfortáveis e o político consegue sair bem das situações sem que o profissional seja desrespeitado.
Não recua
Tão logo seu nome foi alçado à condição de pré-candidato à Prefeitura de Goiânia, Fred Rodrigues voltou a ver especulações que indicavam uma aliança com Sandro Mabel (União Brasil). “Não há recuo. O PL terá pré-candidatura e não se aliançará a outro projeto”, reforça.
1 – Frente
A direção do PCdoB retirou a pré-candidatura de Fábio Tokarski da disputa em Goiânia
2 – Ampla
O pré-candidato vai andar com Adriana Accorsi, no projeto ao Paço Municipal
3- Progressista
Rede, PSOL, PV e PCdoB estão com a petista. O PSB também deve entrar no projeto.
Frente ampla
Ao receer o apboio formal do Agir na disputa à Prefeitura de Goiânia, o empresário Sandro Mabel disse que espera ter pelo menos dez legendas em sua coligação. O partido presidido por Fernando Meirelles faz parte do bloco liderado pelo presidente da Alego, Bruno Peixoto.
“Quero o vice e não abro”
O bloco de partidos não abre mão da vice, que hoje seria um nome que não faz parte dos quadros das legendas: o do ex-deputado estadual Thiago Albernaz, filiado ao MDB. “Se esse acordo não for cumprido, cada partido segue seu caminho”, diz uma fonte ligada ao grupo.
Tranquilidade
Aliados de Bruno Pena, pré-candidato à presidência da OAB-GO, veem que sua prisão não terá grandes impactos no projeto eleitoral. “Principalmente, pelo fato de que tudo não passou de um lamentável equívoco da PF, que será reparado em tempo oportuno”, avalia Júlio Meirelles à coluna.
Comunicado indigesto
O governador Ronaldo Caiado (União Brasil), avisou, na última sexta-feira (21), ao prefeito Vilmar Mariano (MDB), que ele não será o candidato da base caiadista em Aparecida de Goiânia. A reunião teve participação do vice-governador Daniel Vilela, que preside o MDB em Goiás.
Plano L
Vilmar será substituído pelo ex-deputado federal Leandro Vilela, sobrinho do ex-governador Maguito Vilela, que foi prefeito de Aparecida por duas vezes. Defensores de seu nome apostam no sobrenome como trunfo para reverter a eleição.
À disposição
Nesse contexto de fissura na base caiadista, o deputado federal Glaustin da Fokus (Podemos), se colocou à disposição em abrir diálogo sobre uma provável pré-candidatura. A base marianista avalia os rumos.
Cabeça fria
Vilmar reuniu secretários, vereadores e presidentes de partidos da base na noite da última sexta para avaliar o futuro. Na sequência, foi para uma chácara tirar uns dias de folga. Aliados defendem que o prefeito tome uma decisão após retornar de viagem quando a poeira baixar.
Cenários
Pelo menos quatro alternativas são cogitadas pelo grupo marianista: o lançamento de uma nova pré-candidatura para concorrer com Leandro e Alcides, manter a base unida em torno de Vilela e até um ‘apoio silencioso’ ao deputado federal. A neutralidade também é avaliada.