O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira (28), em São Paulo, que o governo federal não pretende promover mudanças no atual desenho do arcabouço fiscal, sinalizando estabilidade nas diretrizes econômicas adotadas desde o início da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Nós não pretendemos mudar o desenho da política econômica”, disse o ministro durante participação na Arko Conference, realizada na sede da Galapagos Capital. “Na minha opinião, essa é uma combinação virtuosa entre uma meta de déficit primário combinada com uma regra de gastos”, completou.
Segundo Haddad, a estratégia econômica atual tem apresentado bons resultados e se diferencia de políticas recessivas adotadas por outros países. “Nós estamos falando de uma economia que reage e que vem reagindo muito às políticas públicas que estão sendo retomadas. E tudo que a gente quer demonstrar é que o Brasil tem condição de crescer a taxas próximas à média mundial, sem grandes pressões internacionais”, afirmou. O ministro citou uma média de crescimento de 3,3% nos últimos trimestres.
Haddad destacou que, apesar de algumas moderações no ritmo do crescimento devido a pressões externas e internas, o Brasil tem evitado caminhos mais duros e recessivos. “Nada que lembre o que acontece mundo afora, quando você faz um ajuste super-ortodoxo e recessivo. Nós entendemos que o caminho mais correto de reconstruir o superávit primário é o caminho da moderação.”
Sem “medidas exóticas”
Durante sua fala, o ministro também rechaçou a possibilidade de adoção de medidas excepcionais por motivações políticas, especialmente em ano eleitoral. “Não vamos inventar nada. Não é do feitio do presidente Lula inventar nada exótico por razões eleitorais. Ele vai fazer o que está convicto que tem que fazer.”
A fala de Haddad ocorre em meio a debates sobre o cumprimento das metas fiscais e a condução da política monetária pelo Banco Central. Ele voltou a classificar a atual taxa de juros como “ultra restritiva”, mas ressaltou que ela cumpre seu papel no controle da inflação e no resfriamento da economia.
“Nós vamos manter o curso da nossa política, cumprindo as metas, buscando as metas e entendendo que esse é o caminho”, concluiu o ministro, reafirmando o compromisso do governo com a responsabilidade fiscal e com a previsibilidade no ambiente econômico.