skip to Main Content

Indefinição do MDB turbina Gomide

Partido tem os nomes de Márcio Corrêa e Amilton Filho como os mais competitivos contra o ex-prefeito, mas indecisão da base governista impede formalização de pré-candidaturas


Thiago Queiroz Por Thiago Queiroz em 17/03/2024 - 07:54

Pesquisas mostram Gomide com média de 40% das intenções de voto. Seus adversários emedebistas têm 13,4% (Márcio Corrêa) e 10,4% (Amilton Filho)
Pesquisas mostram Gomide com média de 40% das intenções de voto. Seus adversários emedebistas têm 13,4% (Márcio Corrêa) e 10,4% (Amilton Filho)

Em Anápolis, o ex-prefeito e deputado estadual Antônio Gomide (PT) é o principal beneficiário da falta de pré-candidaturas competitivas, e aparece como líder nas pesquisas de intenção de voto. Fator determinante para a subida e permanência na preferência do eleitorado pode ser a falta de definição de pré-candidaturas, com destaque para as do MDB, que têm no partido o suplente de deputado federal Márcio Corrêa e o também deputado estadual Amilton Filho. Ambos querem, mas nenhum se lançou oficialmente.

Levantamento do Instituto Paraná Pesquisas mostrou que, no início de fevereiro, Gomide alcançava, no melhor cenário estimulado, 44,3% das intenções de voto. Seus adversários emedebistas apareciam com 13,4% e 10,4%, respectivamente. Em março, o petista pontuou 38,7%, e os outros dois 10,8% e 7,3%, conforme levantado pelo Instituto Voga e divulgado pela Rádio São Francisco FM.

Nos dois cenários, Gomide seria eleito, com folga, no primeiro turno. Enquanto isso, o MDB permanece com as duas pretensas pré-candidaturas reféns do Diretório Regional, presidido pelo vice-governador Daniel Vilela, e também pelas movimentações do governador Ronaldo Caiado (UB).

Goiânia está com situação parecida com relação ao pré-candidato escolhido pela base governista, mas, diferentemente de Anápolis, nenhum nome desponta sobre os demais no quadro geral, como é o caso de Gomide. Nesse sentido, o governador Ronaldo Caiado está mais à vontade para atrasar a definição somente para abril, após o fim da janela partidária. O fato esfriou os ânimos de Jânio Darrot (MDB), que, embora continue com o trabalho, não tem garantida a participação no pleito (leia entrevista nas páginas 6 e 7).

Anápolis é município estratégico, como terceiro maior colégio eleitoral — com mais de 285 mil eleitores, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) — e segunda maior economia do estado — com PIB de R$ 17,8 bilhões — estando na 75ª colocação nacional, de acordo com levantamento do Instituto Mauro Borges de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (IMB), juntamente ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O cientista político Guilherme Carvalho caracteriza como salutar para o partido e prejudicial para o pré-candidato postergar definições como as de Anápolis. Segundo ele, a figura do pré-candidato, criada pela Lei Eleitoral a partir das eleições de 2016, possibilita justamente uma cultura de democratização do processo de escolha dos candidatos.

“Afeta muito mais os partidos de quadros, como o MDB, por exemplo, que é um partido que, via de regra, nas principais cidades, não só em Goiás, mas no país todo, tem sempre mais de um nome para ofertar para disputa. Então, necessariamente, agora com o instrumento da pré-candidatura, não se é obrigado por uma questão estratégica a anunciar desde já quem irá encabeçar o processo. Muito pelo contrário. Pode-se deixar os grupos disputarem o apoio [do MDB estadual] e isso vai ser feito tanto no âmbito dos filiados quanto no das pesquisas quantitativas e qualitativas”, explica.

Guilherme Carvalhoresume que decisão mais
tardia dá ao partido um
instrumento de seleção e
tira dele a pressão de
tomar decisão definitiva
Guilherme Carvalho resume que decisão mais tardia dá ao partido um instrumento de seleção e tira dele a pressão de tomar decisão definitiva

No entanto, Carvalho atenta para a questão da proximidade do fim da janela partidária e de como ela pode afetar a formação das chapas de vereadores, as proporcionais, que darão sustentação a uma candidatura. “Ela impõe um afunilamento dessa disputa, porque não são apenas os candidatos a prefeito que dependem dos resultados dela, mas aqueles que serão candidatos a vereador que realmente serão afetados, pois precisam se locomover; aqueles que são lideranças importantes nos bairros de modo geral. Isso ajudará no agrupamento de forças e na percepção de que o partido vai ter de quem são os candidatos que aglutinam mais possibilidades de eleição.”

Ainda quanto aos pré-candidatos e as direções dos partidos, Carvalho resume que a decisão mais tardia não atrasa ou prejudica ambos, mas dá ao partido um instrumento e tira dele a pressão de tomar uma decisão definitiva, já que agora ele tem um momento no calendário para poder lidar com isso.

BOLSONARISMO

Mesmo diante de eleitorado massivamente bolsonarista, Gomide mantém a preferência. No município, Jair Bolsonaro (PL) foi o candidato mais votado em 2022. No segundo turno das eleições, ele recebeu 153.507 votos, 70,59% do total. Lula (PT) ficou com 29,41% dos eleitores e recebeu 63.960. Bolsonaro teve mais votos que no primeiro turno, quando recebeu 134.635 (63,03%). Lula garantiu apenas 59.548 votos, ou 27,88%.