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Morre Sebastião Salgado, ícone da fotografia humanista, aos 81 anos

Mineiro de Aimorés, Salgado registrou dramas humanos ao redor do mundo e dedicou sua obra à denúncia de injustiças sociais e à preservação ambiental


Avatar Por Redação Tribuna do Planalto em 23/05/2025 - 13:31

morte Sebastião
Foto do post do Instituto Terra, que foi fundado por Sebastião Salgado. (Foto: reprodução).

Sebastião Salgado, um dos maiores nomes da fotografia documental no mundo, morreu nesta sexta-feira (23), aos 81 anos, em Paris, onde vivia com a esposa e parceira de trabalho, Lélia Wanick Salgado. Segundo amigos próximos, o fotógrafo enfrentava há anos complicações causadas por uma malária contraída nos anos 1990, mas o motivo oficial da morte não foi divulgado.

Com uma carreira marcada por imagens potentes e comprometidas com a dignidade humana, Salgado transformou a fotografia em instrumento de denúncia e de empatia, alcançando reconhecimento global.

Da economia à fotografia

Nascido em Aimorés (MG), em 1944, Salgado se formou em economia pela Universidade de São Paulo e chegou a concluir doutorado em Paris. Foi durante viagens a trabalho pela África, quando atuava na Organização Internacional do Café, que começou a se interessar pela fotografia documental.

Em 1973, abandonou a carreira de economista e passou a se dedicar integralmente à fotografia. Em pouco tempo, integrou importantes agências como Sygma, Gamma e a prestigiada Magnum, onde se consagrou.

O fotógrafo dos invisíveis

Seu trabalho ganhou projeção internacional com séries que retrataram a luta e a resistência de populações esquecidas. Em Outras Américas (1986), percorreu regiões rurais da região. Em Trabalhadores (1993), documentou a rotina em condições extremas, como nas minas de enxofre da Indonésia ou nas plantações de cana do Brasil.

A série mais emblemática talvez seja a que retrata o garimpo de Serra Pelada, no Pará, nos anos 1980. As imagens impactantes, com milhares de homens cobertos de lama, se tornaram ícones da fotografia contemporânea.

Migrações e meio ambiente

Fotografia
Foto do livro ‘Gold – Mina de Ouro Serra Pelada’, de Sebastião Salgado. (Foto: Sebastião Salgado).

Salgado também se dedicou a registrar o deslocamento forçado de populações em Êxodos (2000), e, nos anos 2000, voltou sua lente para a natureza. O projeto Gênesis (2013) reuniu imagens de regiões ainda preservadas do planeta, num apelo pela conservação ambiental.

Em paralelo, fundou com Lélia o Instituto Terra, iniciativa voltada à recuperação de áreas degradadas da Mata Atlântica em Minas Gerais. A entidade se tornou referência internacional em reflorestamento.

Reconhecimento global e legado

Ao longo da carreira, Salgado recebeu os mais importantes prêmios de fotografia do mundo, como o Eugene Smith de Fotografia Humanitária, o Prêmio Príncipe de Astúrias e a Legião de Honra da França. Em 2015, teve sua vida retratada no documentário O Sal da Terra, dirigido por seu filho Juliano Ribeiro Salgado e pelo cineasta Wim Wenders, indicado ao Oscar.

Sebastião Salgado deixa a esposa, dois filhos e dois netos, além de uma obra monumental que revela a face humana das grandes tragédias sociais e ambientais do nosso tempo. Seu legado continua a inspirar fotógrafos, jornalistas e ativistas em todo o mundo.

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