A Polícia Civil informou que vai pedir a perda do registro profissional da dentista Hellen Kacia Matias da Silva, que foi presa nesta terça-feira (30), suspeita de realizar procedimentos estéticos invasivos, que são vedados pelo Conselho Federal de Odontologia.
Durante operação que resultou na prisão da mulher, a polícia e a Vigilância Sanitária encontraram na clínica da suspeita materiais vencidos há pelo menos 10 anos e instrumentos cirúrgicos não esterilizados. A dentista também é investigada por oferecer cursos sobre os procedimentos que eram realizados no local.
Em nota, a defesa de Hellen diz que a prisão da suspeita foi feita de forma arbitrária e injusta, já que a dentista não descumpriu determinação na Justiça, que a proibia de realizar cirurgias estético faciais após o dia 22 de novembro.
O Conselho Regional de Odontologia informou que não tinha conhecimento da operação da Polícia Civil e que ficou sabendo do caso através da repercussão da imprensa. Disse ainda que as medidas administrativas pertinentes estão sendo tomadas obedecendo o devido sigilo aplicável ao caso.
Leia as notas na íntegra:
Conselho Regional de Odontologia
O Conselho Regional de Odontologia de Goiás (CROGO) informa que não tinha conhecimento da operação realizada pela Polícia Civil de Goiás, por meio da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Consumidor (Decon), que levou ao cumprimento,
nesta terça-feira (30/01), de mandado de prisão preventiva de uma cirurgiã-dentista, investigada por supostamente realizar procedimentos estéticos que resultaram em deformações nos rostos de pacientes.
O CROGO tomou conhecimento da prisão preventiva da investigada através de noticiários veiculados pela mídia local.
Informamos ainda que as medidas administrativas pertinentes estão sendo tomadas pelo CROGO, obedecido o devido sigilo aplicável ao caso
Defesa
A defesa da odontóloga Hellen Matias alega que a prisão da profissional – realizada no dia 30 de janeiro – foi feita de forma arbitrária e injusta, já que a mesma não descumpriu determinação da Justiça, que a proibia de realizar cirurgias estético faciais apœs o dia 22 de novembro.
Segundo as advogadas Caroline Arantes e Thaís Canedo, que representam a dentista, a Justiça confundiu o procedimento realizado. A profissional – que tem a especialidade buco maxilo facial, realizou, após o dia 22 de novembro, procedimento reparador e não estético, dentro da competência da especialidade da profissional. Ela corrigiu lesão em uma paciente como uma complicação de procedimento (ectrópio) realizado anteriormente por uma outra profissional, o que é permitido pela resolução 65, artigo 41, do Conselho Regional de Odontologia (CRO).
A defesa reitera que o procedimento foi reparador, uma sutura feita na paciente para sanar uma intercorrência ocasionada por cirurgia prévia realizada por outra profissional e não uma blefaroplastia, como consta nos autos e no próprio depoimento da paciente.
Sob a condução das investigações, a defesa reclama que estão sendo veiculadas imagens de procedimentos com intercorrências que não foram realizados pela dentista Hellen Matias. Fotos que, inclusive, não são de pacientes da odontóloga, mas casos que foram levados para discussão em grupo de estudo, o que está muito claro no processo, até mesmo banco de imagens. As advogadas afirmam também que as fotos divulgadas foram descontextualizadas. Em sua grande maioria são de reações inerentes aos procedimentos e ao processo de cicatrização, como hematomas, inchaços e intercorrências normais.
A advogadas Caroline Arantes e Thaís Canedo alegam que o vazamento das imagens – que deveriam ser sigilosas, posto que não submetidas ainda ao crivo do contraditório – demonstra falta de lisura nas investigações. A propósito, o laudo do exame de corpo de delito que fundamenta a prisão da dentista comprova que não houve a execução de cirurgia estética facial pela Dra Hellen Matias, mas sim por outra profissional.
Todas essas alegações serão apresentadas pela defesa durante a audiência de custódia, que será realizada na tarde desta quarta-feira (31), no Fórum Cívil,3 Vara Criminal, mezanino, sala M 3 C, às 17 horas do dia 31 de janeiro de 2024.