A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) deflagrou, na manhã desta terça-feira (8), uma operação para desarticular uma organização criminosa especializada em fraudes contra bancos e lavagem de dinheiro. O esquema, conhecido como “Rainha do Gado”, era liderado por Vanesia Maria Rodrigues de Araújo, uma professora da rede pública de ensino do DF, que movimentou R$ 32 milhões, apesar de ter um salário mensal de R$ 9 mil.
Detalhes da operação e estrutura do grupo
A organização criminosa operava a partir de Brazlândia e foi alvo da primeira fase da operação em junho deste ano, quando Vanesia foi presa. Composta por membros da família e empregados de bancos, o grupo contava com 18 pessoas investigadas por participar do esquema.
Na segunda fase da operação, equipes da 18ª Delegacia de Polícia (Brazlândia) cumpriram nove mandados de busca e apreensão contra oito pessoas ligadas à organização. A investigação, que se estendeu por um ano e meio, revelou um esquema fraudulento que envolvia empréstimos em bancos, com taxas de participação variando de 5% a 20% sobre os valores obtidos.
Gerentes de bancos e aliciadores envolvidos
Gerentes de bancos públicos e privados facilitaram a obtenção de empréstimos com juros abaixo do mercado, utilizando documentação fraudulenta. Os envolvidos na operação incluem “corretores”, responsáveis por oferecer condições de crédito ilícitas, “fraudadores”, que criavam documentos falsos, e “intimidadores”, que ameaçavam clientes que desejavam desistir dos empréstimos.
Os intimidadores tinham conexões com criminosos envolvidos em tráfico de drogas e outros delitos, utilizando essa relação para coagir os clientes.
Movimentação financeira e alterações de contracheques
Relatórios de inteligência financeira indicaram que o grupo movimentou R$ 32,7 milhões em transações atípicas nos últimos cinco anos, totalizando R$ 54,5 milhões, incluindo R$ 12 milhões identificados na segunda fase da operação. A investigação revelou também que contracheques de servidores do GDF eram alterados para aumentar a margem de crédito, iludindo instituições financeiras.
As buscas foram realizadas em várias localidades, como Brazlândia, Gama, Arniqueiras, além de cidades no entorno do DF. Os envolvidos podem responder por crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, crimes contra o sistema financeiro e contra a administração pública, com penas que podem chegar a 50 anos de prisão.
Defesa da líder do grupo
O advogado de Vanesia Maria Rodrigues de Araújo, afirmou que a professora está colaborando com as autoridades e confia na Justiça, acreditando que sua inocência será provada ao final das investigações.