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Vereadores desfiguram padrão de nomes no transporte coletivo de Goiânia

Leis aprovadas pela Câmara rompem com critério técnico e desorganizam a lógica pensada para orientar os usuários


Lucas de Godoi Por Lucas de Godoi em 26/06/2025 - 08:39

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Estilo padronizado com nomes de plantas do Cerrado e ordem alfabética é substituído por homenagens pontuais (Foto: Jucimar de Sousa)

O padrão de nomes das estações e terminais do transporte coletivo de Goiânia, baseado na localização ou em temas e ordem alfabética, foi quebrado por leis da Câmara Municipal. As novas propostas usam nomes de pessoas para alterar as denominações do Terminal Goiânia Viva e da Estação Pitanga, do BRT, o que rompe a lógica original e pode confundir os passageiros.

No último dia 13, o presidente da Câmara, Romário Policarpo (PRD), promulgou lei de autoria do vereador Leo José (Republicanos), que denomina a estação Pitanga, localizada na Avenida Goiás com Avenida Anhanguera, como Estação BRT Motorista João Alves dos Santos, popularmente conhecido como “João Malandro”, falecido em 2022.

O local integra o corredor do BRT Norte-Sul, cuja identidade visual e nomenclatura foram criadas para facilitar a localização dos usuários, com nomes de plantas do cerrado organizados em ordem alfabética. No entanto, como a descrição dos pontos não consta em lei aprovada, a mudança legal tem ocorrido.

Outro caso foi o projeto do vereador Markim Goyá (PRD), que propôs e conseguiu aprovar a mudança do nome do Terminal Goiânia Viva, no Residencial Goiânia Viva, para Terminal Padre Francisco Nisoli. Na ocasião, o projeto de Goyá foi vetado pelo Paço, mas o veto derrubado no plenário da Casa.

Embora o terminal não faça parte do BRT, a alteração também rompe com a lógica de manter os nomes atrelados ao território, dificultando o reconhecimento por parte da população.

Alterações confundem

O engenheiro de transporte e professor do Instituto Federal de Goiás (IFG), Marcos Rothen, avalia que alterações deste tipo podem trazer prejuízos ao sistema. “É o mesmo que a mudança do nome de uma rua, as pessoas demoram anos para se acostumarem”, compara.

“É sempre importante lembrar que as pessoas nem sempre usam o mesmo itinerário e a medida que tenham mais confiança nas informações do sistema mais elas vão utilizar os ônibus, o que é positivo para todos”, argumenta.

A Procuradoria-Geral do Município tem sugerido vetos para matérias deste tipo, mas os vereadores têm questionado sob a defesa da prerrogativa legislativa.

Resposta

Em resposta à Tribuna do Planalto, o Markim Goyá afirmou que renomeiar o Terminal Goiânia Viva não fere qualquer padrão histórico do sistema de transporte coletivo da capital. Segundo ele, o terminal nunca teve uma denominação oficial instituída por lei, sendo conhecido apenas pela localização no bairro.

Segundo o vereador, a mudança para “Terminal Padre Francisco Nisoli” visa atribuir uma identidade oficial, humana e simbólica ao espaço, sem prejuízo à sua funcionalidade, tendo em vista que o padre atuou por décadas na região Oeste com trabalho social, pastoral e comunitário.

A Prefeitura de Goiânia também foi procurada para esclarecer sobre os vetos em 13 de maio e em 25 de junho, mas não respondeu.

O vereador Leo Jose não respondeu à reportagem.

Esta matéria abre uma série de reportagens da Tribuna do Planalto sobre o assunto. Nos próximos dias, reportagens com novas abordagens sobre o tema serão publicadas.

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