Pouco mais de 40 dias após sua exoneração, o advogado Kowalsky Ribeiro foi reconduzido ao cargo de procurador-geral da Câmara Municipal de Goiânia. A nomeação foi oficializada em portaria assinada pelo presidente da Casa, Romário Policarpo (PRD), publicada em edição extra do Diário Oficial do Município na noite de segunda-feira (23).
A volta de Kowalsky ao cargo, porém, acontece em meio a um novo fato: uma denúncia formal apresentada pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) contra ele, por crime de ameaça.
O documento, assinado pelo promotor José Antonio Correa Trevisan e protocolado no Tribunal de Justiça de Goiás no último dia 18, sustenta que o procurador ameaçou o então chefe de gabinete do vereador Sargento Novandir (MDB), Sérgio Dornelles, durante uma discussão ocorrida em 5 de maio no estacionamento do Legislativo. O MP também pede que, caso condenado, Kowalsky indenize a vítima.
A denúncia tem como base imagens de câmeras de segurança e depoimentos colhidos durante a apuração. No entanto, mesmo com o processo judicial em andamento e a sindicância interna encerrada por “perda de objeto”, já que ambos os envolvidos pediram exoneração voluntária, a recondução foi considerada precoce por servidores e vereadores ouvidos reservadamente.
À época do ocorrido, Kowalsky alegou que portava arma por se sentir ameaçado. Após a repercussão política do caso, apresentou carta de exoneração em que dizia querer garantir “isenção e transparência” às investigações, e prometeu responder às acusações “dentro da legalidade”.
Com a nomeação, o servidor de carreira Herbet de Vasconcelos Barros, que ocupava a chefia da Procuradoria-Geral interinamente, retorna ao cargo de subprocurador. Já Carla Bueno Barbosa foi deslocada para a coordenação do Núcleo de Assistência Administrativa.
Volta ao cargo
A volta de Kowalsky reacende a crise institucional vivida pela Câmara e retoma o debate sobre segurança no Legislativo. Após o episódio, Novandir chegou a utilizar colete à prova de balas durante sessões plenárias e houve apelos pela instalação de detectores de metais no prédio.
Apesar da denúncia protocolada pelo MP, o Processo Administrativo Disciplinar (PAD) instaurado na Casa para apurar o episódio ainda não foi concluído. Com o retorno do procurador, a expectativa de bastidores é que o processo seja reaberto.
A defesa de Kowalsky Ribeiro ainda não se manifestou publicamente sobre a denúncia. Nas redes sociais, porém, ele publicou um versículo bíblico: “Preparas uma mesa na presença dos meus inimigos; unges minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda”.