Andréia Bahia
Desde que assumiu a Prefeitura de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos) sai de uma crise para entrar em outra, a maioria envolvendo a Câmara Municipal. A mais recente ocorreu na semana passada, com a demissão de servidores comissionados e de função de confiança dos quadros da administração municipal indicados por vereadores do bloco Vanguarda, formado Igor Franco (SD), Welton Lemos (Podemos), Lucas Kitão (PSD), Gabriela Rodart (PTB), Paulo Magalhães (UB) e Markim Goyá (Patriota), e que até então compunha a base do prefeito na Câmara.
Para além dos fatores específicos que desencadearam essa última crise, está a instabilidade que permeia a relação entre os poderes Legislativo e Executivo desde o início e que levou o prefeito a buscar, em março deste ano, o ex-deputado Jovair Arantes para intermediar o diálogo com os vereadores. O presidente da Câmara, vereador Romário Policarpo (Patriota), que atua nos bastidores, reagiu à tentativa do prefeito de se fortalecer frente aos vereadores. As críticas de Policarpo à administração Cruz renderam inclusive a criação da CPI da Comurg, que não deu em nada enquanto investigação, mas serviu à cobiça por cargos dos vereadores.
Em uma segunda tentativa de melhorar a relação com a Câmara, Cruz criou um grupo com o marqueteiro Jorcelino Braga, presidente do Patriota, e que conta também com a participação de Policarpo. Volta e meia alguém noticia que o grupo está prestes a implodir e algum membro vem a público negar. Considerando a demissão intempestiva dos indicados do bloco Vanguarda, a instabilidade se mantém e resta saber se pelo menos a autonomia Rogério Cruz está conseguindo restaurar.
Se as medidas tiveram impacto na Câmara, nas pesquisas de opinião, não. Cerca de 60% da população desaprova a administração municipal e Rogério Cruz aparece com apenas 6% das intenções de votos, enquanto é o mais rejeitado entre os pré-candidatos, por cerca de 40% dos entrevistados. Provavelmente, outra crise se avizinha.