O CRER (Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo), que fica em Goiânia (GO), está entre os 36 serviços especializados do Sistema Único de Saúde (SUS) habilitados a oferecer o Zolgensma — terapia gênica avaliada em cerca de R$ 7 milhões por dose e agora disponível gratuitamente por meio de um modelo inédito. A unidade é uma das 31 já prontas para realizar a aplicação do medicamento.
A inclusão do CRER como centro de referência representa um avanço importante para a região Centro-Oeste, garantindo acesso à terapia sem a necessidade de deslocamento para outros estados.
Avanço histórico na saúde pública
O Brasil é o sexto país do mundo a oferecer o Zolgensma na rede pública, ao lado de países como Espanha, Inglaterra e Alemanha. O acordo firmado com a fabricante prevê que o governo pagará pelo medicamento apenas se a eficácia do tratamento for comprovada, o que garantiu ao Brasil o menor valor mundialmente praticado.
As primeiras aplicações ocorreram simultaneamente em 14 de maio, no Hospital da Criança José Alencar, em Brasília (DF), e no Hospital Maria Lucinda, em Recife (PE). As pacientes, duas bebês com menos de seis meses, foram priorizadas por estarem no limite da idade elegível para o tratamento.
Durante visita ao hospital em Brasília, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou a importância da conquista:
“Seria impossível para as famílias arcarem com um custo tão alto. É uma terapia gênica muito importante e inovadora. Garantir esse atendimento é um momento de muita emoção.”
A expectativa é atender 137 crianças em dois anos
O Zolgensma é indicado exclusivamente para crianças com Atrofia Muscular Espinhal (AME) tipo 1, com até seis meses de idade e que não utilizem ventilação mecânica invasiva por mais de 16 horas diárias. De acordo com o Ministério da Saúde, 137 crianças devem ser tratadas nos próximos dois anos.
Além do Zolgensma, o SUS já disponibiliza os medicamentos nusinersena e risdiplam, ambos de uso contínuo, que ajudam a estabilizar a progressão da AME. A principal vantagem do Zolgensma é sua aplicação em dose única, dispensando o uso de outros tratamentos.
Como funciona o acesso e o pagamento
As famílias interessadas devem procurar um dos serviços especializados em doenças raras. Após avaliação médica e confirmação dos critérios clínicos, o processo para aplicação da terapia é iniciado. Nos estados que não possuem centros habilitados, o SUS cobre os custos de transporte e hospedagem para a criança e um acompanhante.
O pagamento pelo medicamento será feito em etapas, conforme os resultados alcançados pela criança:
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40% no momento da aplicação
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20% após 24 meses, se houver controle da cabeça
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20% após 36 meses, se a criança conseguir se sentar sozinha por 10 segundos
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20% após 48 meses, se os ganhos forem mantidos
O pagamento é suspenso em caso de óbito ou progressão da doença com dependência permanente de ventilação.
Impacto na vida das famílias
Milena Brito, mãe de uma das bebês tratadas, descreveu o momento como transformador:
“É emocionante. Ver minha filha poder andar, correr, falar e me chamar de mãe vai ser excelente. Posso viver a maternidade de forma diferente.”
A habilitação do CRER reforça a importância da descentralização dos serviços de saúde e representa uma esperança real para famílias da região Centro-Oeste que convivem com o diagnóstico de AME.
Hospitais habilitados para aplicação da terapia gênica com Zolgensma:
UF | Cidade | Hospital |
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AL | Maceió | Hospital da Criança |
BA | Salvador | Hospital Martagão Gesteira |
CE | Fortaleza | Hospital Infantil Albert Sabin |
DF | Brasília | Hospital da Criança de Brasília José Alencar |
ES | Vitória | Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória |
GO | Goiânia | CRER – Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo |
MG | Belo Horizonte | Hospital João Paulo II |
MG | Juiz de Fora | Hospital Universitário de Juiz de Fora |
MG | Belo Horizonte | Hospital das Clínicas da UFMG |
MG | Uberlândia | HC da Universidade Federal de Uberlândia |
MT | Cuiabá | Santa Casa |
PA | Belém | Hospital Universitário Bettina Ferro |
PB | Campina Grande | Hospital Universitário Alcides Carneiro |
PE | Recife | IMIP |
PE | Recife | Hospital Maria Lucinda |
PI | Teresina | Hospital Infantil Lucídio Portela |
PR | Curitiba | Complexo HC da UFPR e MVFA |
PR | Curitiba | Hospital Pequeno Príncipe |
PR | Curitiba | Hospital Erasto Gaertner |
PR | Campina Grande do Sul | Hospital Angelina Caron |
RJ | Rio de Janeiro | IPPMG – Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira |
RJ | Rio de Janeiro | Hospital Universitário Pedro Ernesto |
RN | Natal | Hospital Onofre Lopes |
RS | Porto Alegre | Hospital de Clínicas de Porto Alegre |
SC | Florianópolis | Hospital Joana de Gusmão |
SP | Campinas | Hospital da UNICAMP |
SP | Ribeirão Preto | HC de Ribeirão Preto |
SP | São José do Rio Preto | Hospital de Base |
SP | São Paulo | HC de São Paulo |
SP | Botucatu | HC da Faculdade de Medicina de Botucatu (UNESP) |
SP | Taubaté | Grupo de Assistência à Criança com Câncer |