O senhor está à frente do Detran há dois anos e entre suas ações está o combate à corrupção. Quais os resultados já obteve neste trabalho?
Na verdade, falar em acabar não é o correto. Logo no começo da gestão, fechamos a maior Ciretran de Goiás, que era de Aparecida de Goiânia. De 20 servidores, 20 corruptos. Nesse período, afastamos mais de 100 servidores. Fechamos também a Ciretran de Anápolis, intervimos nas de Formosa, Itumbiara, Morrinhos, Uruaçu, São Terezinha de Goiás, mais de 50 Ciretrans, de pequenas a grandes. Fizemos um trabalho bastante intenso, criamos um serviço de inteligência e o resultado saiu. Várias operações da polícia civil corroboraram com essas ações. Temos mais de 40 pedidos de investigações na Polícia Civil e Ministério Público. Aumentamos a fiscalização, estamos tirando da mão dos servidores, eliminamos o papel e fazendo ações digitais, com isso intimidamos aqueles que usavam o Detran, não apenas servidores, mas também credenciados, despachantes, cartórios. Sempre foram ações contra quadrilhas organizadas.
Todos os casos têm envolvimento de servidores?
Todos os casos têm envolvimento de servidores, sempre havia a participação de um servidor, seja terceirizado, comissionado ou efetivo; foram demitidos vários servidores efetivos e alguns respondem a processo administrativo, que é mais demorado. Nós já demitimos mais de 100 servidores comissionados, que não dependem de um processo mais rigoroso. Nossa ação tem sido enérgica e o Detran tem produzido semanalmente notícias positivas. O Detran Digital, por exemplo, colaborou para que o estado de Goiás ganhasse o prêmio de estado mais digital do país. Eu venho de uma recente viagem à Estónia, Finlândia e Suécia, e estamos agregando mais produtos ao trabalho de inteligência digital que o Detran faz no combate à corrupção e a fraudes.
Em outra frente, o senhor combateu a venda de peças de veículos roubados. Como está o controle desse comércio?
Na Vila Canaã, esse comércio está mais organizado, mais padronizado. Cuidamos primeiro de sinalizar a região, impedir que as lojas mantivessem carcaças de carros, fizemos um trabalho de levantamento em relação ao aspecto urbanístico da região. Em parceria com a Polícia Civil, foram realizadas várias operações com a prisão de diversos criminosos na Canaã, e estruturamos uma gerência, que já existia, mas trouxemos o coronel (Clives Pereira) Sanches e três capitães e uma forte estrutura integrada da criminalística, da Polícia Civil, da Polícia Civil do DF e vários órgãos para que se faça uma ação fiscalizatória mais intensa. Reunimos várias vezes na Câmara Municipal, na Assembleia Legislativa, com os próprios empresários, para separar o joio do trigo. Estamos trazendo as melhores experiências do país, que são poucas, São Paulo e Rio Grande do Sul, para especializar nosso sistema. Hoje, temos um local próprio para acomodar as peças apreendidas, existe o cadastramento das empresas, saímos de 55 empresas para quase mil empresas cadastradas; mudou o perfil e vamos intensificar a fiscalização no segundo semestre, com o fechamento daquele estabelecimento que não possuir alvará do Detran e documentação, é clandestino. Isso já trouxe resultados no número de furtos e roubos de veículos em Goiás, que deixou de ser o centro de distribuição de peças roubadas do Brasil. Nós fizemos esse papel e até os furtos e roubos de veículos em São Paulo diminuíram e se atribui isso ao trabalho que o Detran Goiás passou a realizar aqui.
As polêmicas campanhas publicitárias do Detran surtem o efeito esperado?
Inclusive, recebemos um prêmio em Brasília, um não, quatro prêmios das campanhas publicitárias. Nós procuramos fazer campanhas semelhantes àquelas que acontecem na Europa, Estados Unidos, que impactam o motorista, a família, o cidadão. Essa é a pretensão do Detran, tocar na alma, considerando que o motorista de Goiânia é considerado o pior. Nós até brincamos, o pessoal diz que Goiânia é uma fazenda e estamos mudando essa opinião. Na última campanha publicitária, dissemos que Goiânia não é uma fazenda, mas uma selva. Temos vários animais que dirigem de forma mal educada, sem cumprir a legislação, e trouxemos isso em uma campanha publicitária também muito criativa, que caiu no gosto das pessoas.
Quais resultados o senhor colheu dessas campanhas educativas?
Redução do número de mortes e maior conscientização, as pessoas passaram a colocar em seus temas prediletos a discussão sobre o trânsito.
Caiado presidente
Como o senhor vê a condição que o União Brasil impôs a Ronaldo Caiado para ele ser candidato pela legenda: conquistar dois dígitos nas pesquisas de intenção de votos?
O governador Ronaldo Caiado, em outros momentos, aqueles que queriam ser candidatos a prefeito de Goiânia, ele impôs isso aos pré-candidatos; da mesma forma, lá atrás, para quem queria ser candidato ao Senado. Ele tem consciência de que se não tiver dois dígitos, o União Brasil, a federação com o PP, não irá avalizar a candidatura dele a presidente da República. Ele está começando agora esse trabalho, esse projeto, começou a andar pelo país, e tem até o ano que vem para ter esses dois dígitos. Se pegar os 4% das intenções de votos, vai ver que ele já saiu de Goiás e já entrou em outros estados da federação. Assim que ele estiver mais solto, a partir de abril, “de licença” do mandato, porque hoje tem que conciliar o mandato de governador com a campanha, não vai ser difícil atingir esses dois dígitos.
Além de Ronaldo Caiado, quais outros políticos podem representar a direita em 2026?
O primeiro candidato da direita é o (ex)presidente Jair Bolsonaro, uma vez que ele esteja inelegível, impedido pelo STF de disputar a eleição, penso que surgem outros nomes. Depende do (ex)presidente Bolsonaro a indicação talvez da ex-primeira-dama (Michelle Bolsonaro), que eu acho que é um nome forte; outros nomes têm despontado, o governador do Paraná (Ratinho JR.), de Minas Gerais (Romeu Zema), são os nomes, mas o nome que o (ex)presidente Bolsonaro abraçar será um nome que vai conseguir atingir, não apenas dois dígitos, mas dois dígitos e mais uma dezena.
O senhor é da área da segurança pública. Acredita que o discurso de Ronaldo Caiado tem apelo nacional?
Com certeza o governador Ronaldo Caiado revolucionou a segurança. Dez anos atrás, entre as 50 cidades mais violentas do país, 10 eram de Goiás. Nós mudamos de patamar e isso é reconhecido nacionalmente. Hoje temos a melhor polícia do país, o melhor sistema de segurança do país, tanto que outros estados vêm até Goiás para copiar o nosso modelo. Várias pessoas de expressão nacional ou até pessoas simples que vêm a Goiânia e se assustam, porque podem caminhar nas ruas, não têm o celular furtado nem roubado, temos um ar de tranquilidade e de respeito pelo cidadão. Isso se conquistou com muito trabalho e com a diretriz trazida pelo governador Ronaldo Caiado.
Esse discurso é suficiente para colocá-lo na disputa presidencial?
Não é só esse discurso, o governador vai agregar a economia, com o controle de gastos; o social, temos os melhores projetos sociais comandados pela Gracinha Caiado; temos projetos na saúde, com clínicas em todo estado; de educação, com as melhores notas do Ideb; temos o Detran Goiás, um dos melhores do país; temos vários produtos, vários projetos para vender para o país. É importante acrescer ao projeto do governador Ronaldo Caiado. É de minha autoria e minha ação trazer para Goiás o monitoramento da cidade. Hoje temos em Goiás mais de 170 cidades monitoradas, isso fez com que Goiás se tornasse o estado mais seguro do país. De Gameleira de Goiás, uma pequena cidade, a Rio Verde, Goiânia e Aparecida de Goiânia são cidades monitoradas, e isso contribui para a redução da criminalidade. O projeto piloto que comecei como deputado federal proporciona hoje ao nosso governador um resultado espetacular na segurança pública, porque os policiais, com o serviço de inteligência trazido pelas câmeras, enfrentam mais rapidamente. A nossa delegacia de homicídios tem os melhores índices de resolução de homicídios do país, graças a esse serviço de inteligência implantado em Goiás, optando pelo monitoramento do estado.
O que pode dificultar a candidatura de Caiado? Bolsonaro pode ser um entrave?
Pode. Se Bolsonaro for candidato, com certeza Caiado não será. Se Tarcisio for candidato, talvez o governador Ronaldo Caiado não seja, porque eles disputam no mesmo espectro político.
Bolsonaro pode não apoiar a candidatura de Caiado, uma vez que eles já tiveram algumas desavenças?
Eu acredito que não existe essa possibilidade de não apoiar, considerando que, se a esposa do Bolsonaro e ele não forem candidatos, com certeza ele vai fazer uma escolha à direita. Caiado e Bolsonaro são parceiros de muito tempo na Câmara, fui eu que levei o PSL, em 2018, para o apoio à campanha presidencial do Bolsonaro, e isso nos ajudou a ganhar a eleição. Até então o presidente Bolsonaro era desconhecido em Goiás, foi eu que o trouxe para cá. É uma relação muito próxima. E não se pode esquecer que Caiado é direita raiz; lá atrás, em 1989, foi candidato a presidente da República, tinha sido um dos fundadores da UDR, a primeira instituição a enfrentar o MST. Caiado tem essa origem, não podemos negar, antes mesmo do presidente Bolsonaro. Acredito que o presidente Bolsonaro tem um carinho grande e somos do mesmo espectro político, o governador Ronaldo Caiado, o delegado Waldir, o (ex) presidente Bolsonaro,Gustavo Gayer, Eduardo Bolsonaro, Tarcísio de Freitas, temos o mesmo perfil político, não é? Não é à toa a grande preocupação da esquerda com a força do com a força da direita do Sul, do Sudeste e do Centro-Oeste.
A polarização ajuda ou dificulta a intenção de Caiado, considerando que ele tem um perfil antiLula, mas encontra resistência entre os bolsonaristas?
A polarização não é do Brasil, não é de Goiás, é do mundo. O cidadão entendeu o que é direita e o que é esquerda, o que cada um defende, mas se pode esquecer que o parlamento é dominado pelo centro.
Há espaço para uma candidatura de centro?
Não vejo esse nome. Ciro Nogueira foi candidato várias vezes e não tem apelo. O país está polarizado.
União Brasil e PL
A aliança com o PL em Goiás pode avançar para 2026?
Sim, acredito que vá acontecer.
Daniel Vilela vai conseguir manter o apoio dos partidos que hoje apoiam Ronaldo Caiado em sua eventual candidatura?
Acredito que em sua maioria. Talvez em razão da disputa majoritária, se for manter apenas dois candidatos ao Senado, pode ser que alguns queiram debandar. Mas a gente tem que esperar, porque é muito cedo para falar. Talvez, através de pesquisas, consiga-se convencer que alguns pré-candidatos ao Senado não são viáveis, mas tem que dar tempo ao tempo.
Qual o perfil do candidato ao Senado que melhor completaria a chapa?
Um candidato da base do governador Ronaldo Caiado deve ser eleito e um candidato do PL, da base de Bolsonaro, deve ser o outro candidato eleito, não colocando ordem entre um e outro. Não há chance de um senador de esquerda ser eleito em Goiás e não há chance de um candidato da chapa do ex-governador do PSDB (Marconi Perillo) ser eleito em Goiás.
Seria a Gracinha Caiado, Major Vitor Hugo ou Gustavo Gayer?
Esse é o cenário.
Um vice para Daniel
O senhor disse que o vice de Daniel pode ser Adriano Rocha Lima. Como ele complementa a candidatura de Daniel?
Na verdade eu disse que ele tem a preferência do governador. No meu ponto de vista tem um outro nome excelente, o prefeito de Luziânia, Diego Sorgatto, um jovem prefeito, duas vezes deputado estadual, foi vereador e que agrega todo Entorno de Brasília. Se pensarmos no eleitorado do Entorno de Brasília, o melhor nome para vice-governador seria, sem dúvida nenhuma, Diego Sorgatto, que em determinado momento vai ser governador de Goiás. É um nome em ascensão. Teríamos dois jovens na chapa governamental. O Adriano Rocha Lima é técnico. Tem que ver qual opção o governador Ronaldo Caiado e o Daniel Vilela irão fazer, se por um técnico ou por um político.
Essa decisão cabe a quem, a Daniel Villela ou a Ronaldo Caiado?
Aos dois. É uma decisão de grupo. Nós somos um grupo político. Aqui o governador dialoga com aquelas pessoas mais próximas para poder tomar a melhor decisão com base em pesquisas eleitorais, em decisões técnicas; temos alguns critérios que são observados. É um “escolhometro”. Como foi feito em Goiânia e em Aparecida de Goiânia.
A divisão interna no PL pode afetar os planos da base caiadista?
Não. O PL é um partido muito bem estruturado, sob o comando de Wilder Morais. Diferenças há em todos os partidos. O PT tem cinco facções e tem racha em todo o estado, Eu conheço o PL, eu fui do PR, que depois mudou para APL, e ele tem uma gestão eficiente, tem uma das maiores bancadas de senadores e um dos partidos com maior bancada de deputados federais, é um partido que tem que ser respeitado, Desavença, até em casa a gente briga, imagine dentro do partido.
Qual a desavença existe no UB?
Há pessoas que querem se manter no governo Lula e pessoas que não querem; existiam pessoas que queriam a federação e outros que não queriam.
Qual PL interessa ao UB, o do Wilder e Gayer ou o do Major Vitor Hugo?
Os dois. Vitor Hugo foi candidato a governador, Gayer é uma pessoa muito inteligente, muito perspicaz, tem muita força na extrema direita, uma força fenomenal, muito articulado. Os dois são pessoas extremamente inteligentes. Tem que deixar para o eleitor decidir quem é melhor para Goiás. Houve um diálogo para o PL não recorrer em relação a Goiânia, em relação ao processo envolvendo o governador Ronaldo Caiado. A decisão é da cúpula, do Wilder Morais, do Gayer e de toda a comissão executiva estadual.
Como avalia os impactos da federação do UB com o PP em âmbito nacional e em Goiás?
Nacionalmente, houve algumas desavenças em algumas regiões, mas isso vai ser superado.
De volta à Câmara
Por que desistiu de disputar uma cadeira no Senado?
A minha pretensão de disputar uma cadeira no Senado era para fazer o enfrentamento ao ativismo judicial do STF. Considerando que, naquele momento, o governador Ronaldo Caiado não pode decidir pela minha candidatura e Bolsonaro quis ficar isento, penso que hoje mesmo aumentando o número de vagas, aumentou a concorrência. Penso que fiz um excelente trabalho como líder do PSL na Câmara federal, muitos projetos importantes foram aprovados nesse período e penso que outros, agora com essa experiência do Detran, possam ser aprovados na Câmara Federal. Por isso eu vou colocar meu nome à disposição para discutir uma vaga à Câmara Federal.