Aparecida é um campo de guerra, e seu futuro é um campo minado

O caminho escolhido pelo Professor Alcides (PL) para reverter o jogo que lhe era favorável e terminou o primeiro turno pelo avesso, em Aparecida, é o da porrada. Do lado do candidato Leandro Vilela (MDB), que estava atrás nas pesquisas, as porradas saíram mais fortes antes. Alcides reagiu na mesma medida, e acrescentou o choro vão da reclamação. (Ou foi Alcides que bateu antes e Leandro rebateu? O ovo e a serpente.) Deu no que deu.

Quem chora alto agora é Leandro, com o bombardeiro de Alcides. Chora revidando, pra não repetir o vai-não-vai para o tudo ou nada da campanha do adversário no turno anterior, correndo o risco de cair no mesmo resultado das urnas, ao fim do segundo. A campanha de Aparecida é bateu, levou de altíssimo teor, e por isso de baixíssimo nível. Do tipo difícil chegar lá, porém mais difícil sair.

Cada um com sua razão, Leandro e Alcides disputam quem ataca mais o adversário. Cada um posa de mocinho se defendendo do bandido adversário. O eleitor precisa ter coração de ferro pra aguentar o tranco de tamanho ódio alheio e sobreviver ao tiroteio, aos mísseis trocados, às bombas se beijando de raiva em alta tensão.

Aparecida virou um campo minado do pior exemplo de política que uma cidade, uma gente, as famílias que habitam uma terra podem ver. Aparecida não merece que qualquer dos lados vença. Mas obviamente vai vencer. Vai vencer um das bandas da maçã podre das maldades em jogo.

O presente de Aparecida é terra arrasada para a boa política. É um campo minado para o futuro. Quem vencer, vencerá com ódio, desaforo e a alma vendida aos infernos, tudo pelo poder contra. Não há amor nessa guerra total. O espírito não é público. Quem vencer, levantará o troféu de quem se arvora defensor da moral e dos bons costumes, mas assassina a própria e a alheia reputação.

Lá estão os melhores no pior tipo de campanha. Sabemos que isso agrada a muitos. Sabemos que sobra farinha do mesmo saco. O que não sobra é espaço para o debate sobre as soluções aos graves problemas da cidade. Isso é detalhe. Quem vai ficar com o butim e quem vai cuidar dos escombros de Aparecida?

Ave, Chico César!

PS.: Pra quem gosta de espetáculo, está imperdível.