O desabamento do chamado Aterro Sanitário Ouro Verde, em Padre Bernardo, no dia 18 de junho, provocou um desastre ambiental sem precedentes na região e uma onda de indignação na comunidade local. O local foi interditado pela Justiça Federal em decisão tomada na última quinta-feira (26), atendendo a pedido do Ministério Público. Além da interdição, a decisão bloqueou R$ 10 milhões das contas da empresa responsável e tornou indisponíveis bens avaliados em R$ 2,2 milhões.
Mesmo com a interdição, moradores ainda sofrem com o mau cheiro e a contaminação da água. A aposentada Rosileuda Rodrigues, de 57 anos, chegou a ficar internada por três dias com problemas respiratórios após o desmoronamento. “Mesmo depois de interditado, o cheiro continua forte. Acho que nunca mais nosso lugar vai ser o que já foi”, lamentou.
Neste domingo (29), a comunidade realiza um ato público para pedir o fechamento definitivo do aterro de Padre Bernardo. “Nosso ato é para chamar atenção da sociedade para que nunca mais reabra e para que toda essa montanha de lixo seja retirada de nossa comunidade”, afirmou o vigilante Sebastião Fernandes, liderança local em entrevista à Agência Brasil.
Segundo o engenheiro florestal Fábio Miranda, do ICMBio, o aterro funcionava irregularmente, sem licenciamento ambiental, operando sob liminar e acumulava autuações e embargos. O desmoronamento liberou cerca de 40 mil metros cúbicos de lixo, despejando chorume altamente poluidor em cursos d’água como o Córrego Santa Bárbara, comprometendo o lençol freático e a fauna local.
Autoridades temem que, sem ação imediata antes do período chuvoso, o dano se amplie e contamine as bacias importantes como a do Rio Tocantins-Araguaia. Equipes de fiscalização já atuam para conter a poluição e planejam retirar o lixo com o menor impacto ambiental possível em até dois meses. Enquanto isso, a comunidade segue vigilante e exige solução definitiva para o problema.