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Boina e bíblia não mais tão bolsonaristas


Avatar Por Redação em 29/06/2021 - 00:00

Foto: Arquivo

Por Thiago Queiroz

Divulgada na quinta-feira, a pesquisa Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria, novo instituto da estatística Márcia Cavallari, ex-Ibope), mostrou que caiu o apoio dos eleitores evangélicos ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Junto às forças policiais e as ligadas à segurança pública e ao agronegócio, o segmento evangélico foi determinante na eleição presidencial de 2018, que deu vitória ao atual presidente.

A rodada mostra que 41% dos evangélicos pretendem apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na corrida à Presidência da República em 2022. Bolso­naro aparece com 32%. O resultado geral, considerando todo o eleitorado ouvido, dá a Lula 49% das intenções e a Bolsonaro menos da metade, 23%. Lula venceria no primeiro turno.

Os números refletem o sentimento observado nas redes sociais e também nas ruas, a exemplo do movimento 19J, realizado no sábado 19 em cidades de todo o país contra Bolsonaro para pedir o impeachment, mais vacinas contra a Covid-19 e auxílio emergencial de R$ 600, além de chamar a atenção para as 500 mil mortes causadas pela doença no Brasil.

Em Goiânia, foram reunidas aproximadamente 15 mil pessoas. No meio, movimentos de evangélicos como o Cristãos contra o Facismo contaram com a participação de evangélicos. Os participantes distribuíram um documento intitulado Apelo aos Evan­gélicos, que chama a atenção para as promessas feitas pelo presidente Bolsonaro na campanha e, segundo o texto, não cumpridas.

A crítica deles aponta trechos da bíblia para defender a pacificação e condenar o incentivo ao uso de armas de fogo. A carta é finalizada com um conselho aos cristãos: “preferir ser de uma igreja perseguida que de uma igreja que persegue.”

Vereadora por Goiânia, a socióloga e ativista Aava Santiago (PSDB) é evangélica da Assembleia de Deus e tem grande circulação em todo o meio evangélico da capital. Ela foi uma das organizadoras do movimento e assinou o Apelo aos Evangélicos.

Ela ressalta que sempre foi contra o presidente, mas que observa agora um crescimento do número de fiéis, tanto de sua igreja quanto de todo o segmento de pentecostais, neopentecostais e reformados, que deixaram de manifestar apoio a Bolsonaro. “Hoje, existem vários pastores nesse campo pentecostal, se não se posicionando a favor, também não fazendo defesa.”

Aava cita o comportamento do presidente no enfrentamento à pandemia como determinante para esse rompimento. “Infelizmente, muitos deles foram visitados pela pedagogia da morte durante esse período de pandemia. Nem todos extraíram as lições que essa pedagogia ensina, mas outros fizeram esse movimento de inflexão”, observa ela.

Questionada de como será o apoio institucional das igrejas goianas à reeleição de Bolsonaro, ela responde que boa parte da Assembleia de Deus tende a caminhar com Bolsonaro. “Só que também vou dar um exemplo: nosso Bispo Primaz Manuel Ferreira almoçou com Lula na semana passada. A Assembleia de Deus tem um perfil governista. Ela apoiou Lula no segundo mandato. Apoiou a Dilma Rousseff, e só rompeu quando foi o caso.”

Segundo a vereadora, o que se observa é uma flexibilização das direções de todas as igrejas a seus fiéis sobre o posicionamento político. “Teve um período, principalmente antes das eleições de 2018, que era um crime você se dizer contra Bolsonaro dentro das igrejas. Muitos crentes questionam esse nosso movimento dentro das igrejas, e muitos outros se identificam. E a identificação tem aumentado cada vez mais. Nosso trabalho daqui para frente será tentar trazer aqueles que eram bolsonaristas mais aguerridos pelo menos para o campo da neutralidade”, finaliza a vereadora.

Nas polícias, apoio é predominante, mas não o institucional

Entre os policiais civis de Goiás, o Sindi­cato dos Policiais Civis do Estado de Goiás (Sinpol-GO) declara ser uma instituição neutra e, atualmente, não manifestar apoio a nenhum candidato, nem ao presidente Jair Bolsonaro.

A atual gestão ressalta que nunca atuou politicamente em nenhuma das esferas. Em 2018, na eleição de Bolsonaro, o presidente era o mesmo de hoje, Paulo Sérgio Alves de Araújo. Mas não houve atuação do Sinpol nem pró nem contra Bolsonaro. “As manifestações nesse sentido são pessoais, de cada um dos policiais”, disse em nota o sindicato.

De acordo com o Sinpol, a direção atua junto a políticos, com ou sem cargos, apenas no que diz respeito a interesses dos policiais civis. “Como foi agora, no caso da vacinação, em que travamos um debate com o governo [de Goiás] e fomos atendidos.”

Sobre as manifestações de grupos organizados dentro da Polícia Civil em Goiás, que participam das manifestações, de rua e virtuais, a favor de Bol­sonaro e sua reeleição, o Sinpol esclarece que elas não partem da direção. No entanto, a direção ressalta que a neutralidade da instituição “não reflete a pluralidade de pensamento dos policiais civis, nem da instituição Polícia Civil.”

Na Polícia Militar, público mais alinhado e engajado no apoio a Bolsonaro, a visão do presidente e da própria Associação dos Policiais e Bombeiros Militares de Goiás (APBM-GO) é de participação da classe nas manifestações pró-governo. “Apoiar o presidente Bolsonaro representa o respeito aos princípios vinculados à família, à Pátria e à defesa do patrimônio”, declara o presidente da associação, Coronel Almeida.

Segundo ele, esse apoio institucional, declarado em 2018 e que se repetirá em 2022, se deve ao fato de “Bolsonaro não medir esforços na defesa das forças de segurança pública de Goiás e do Brasil.”

O coronel explica que inte­­gra também o Movi­mento Ordem e Progresso (MOP-GO) em Goiás, que também apoiou institucionalmente a campanha de Bolsonaro à Presidên­cia. Nas eleições em 2018 a APBM-GO e MOP-GO apoi­aram o candidato Jair Bol­sonaro, eem 2022 o apoio será dobrado. O Presidente Bolsonaro re­presenta a última barreira para o domínio do co­munismo no Brasil”, finaliza o Almeida.

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