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Campanha nesta cidade é campo minado com vida no meio


Vassil Oliveira Por Vassil Oliveira em 07/09/2024 - 15:00

Depositphotos

Campanha tem vida própria. Na linha do tempo, elas se parecem; na prática furtiva da luta diária pela vida, cada uma tem lá suas ingresias.

As pessoas duvidam de pesquisas e costumam menosprezar candidatos só porque desprezam os defeitos pessoais alheios, que julgam conhecer bem.

Ou porque olham, julgam e sentenciam segundo sua intuição: aquele lá não vai a lugar algum; é um idiota (palavra na moda).

As pessoas duvidam do que não se enquadra em sua crença. Por isso não botam fé em quem não reza na cartilha de seus pré-conceitos.

A torcida costuma ser o maior argumento racional desses que não param, não olham e não vaticinam vitórias ou derrotas fragorosas por antecipação.

Esquecem que o sol é maior que a terra, que a lua pisca na minguante e que a terra é imaginação e é poeira, sem deixar de ser um corte na pele, onde se joga a semente e brota o milho.

Campanha é organismo vivo. O jogo é jogado. Sem regras, mas com sabedoria: atenção aos sinais, desconfie de tudo, de mim, de você, de quem vota e de quem pede o seu voto. Quem mostra as cartas?

Desconfie, principalmente, das certezas ideológicas, das lealdades condicionais, dos arroubos de valentia, das paixões. Em cada gesto político nobre há sempre um interesse chocado.

Dizem as lendas eleitorais: não existe vitória na véspera, e nem depois ela é certa. Jamais confie em resultados peremptórios; a fluidez das disputas é o jogo em si.

Fique esperto: pesquisa é retrato de momento. Só chuta bola de cristal quem não a tem. Pensa no rodamoinho. Ele implanta o caos, quebra expectativas. O rastro que deixa é a disrupção, não é o do seu rumo.

Se uma estratégia dá certo por um determinado tempo, isso não significa que dará certo o tempo todo. Se de repente algo começa a dar errado, o certo aguarda em outro lugar. Faça sua parte. Do contrário, o outro lado fará.

Teoria na prática:

1 – Presta atenção aos sinais da campanha. Isso deu certo? Ótimo. Não deu? Mate. Não crie zumbis;

2 – Desapegue das suas convicções. Tenha ciência. Números. Fatos. Ninguém perde por praticar: reavaliação constante;

3 – Capriche no rumo e não o perca de vista; o campo é minado e a luta, caótica. Reze sempre ao imponderável como aliado;

4 – Pesquisa dos outros não faz vitória, mas como atrapalha. Desconfia sempre; confia, também – ganha-se e perde-se na relatividade das coisas;

5 – Prometa além, vigia aquém;

6 – Desistir por quê?

Eleitor e candidato são tudo farinha do mesmo saco. Saco da gente. Ganhando ou perdendo, a vida tá no meio: cuidado.

PS.: Tô falando de qual campanha?

Vassil Oliveira

Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação Pública de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).

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