O dia 6 de junho marca o Dia Nacional do Teste do Pezinho, uma data dedicada a conscientizar a população sobre a importância deste exame, capaz de identificar, nos primeiros dias de vida, doenças graves que afetam o desenvolvimento infantil.
Disponibilizado de forma gratuita e obrigatória pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o teste faz parte do Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), que busca detectar precocemente doenças nos recém-nascidos, possibilitando o cuidado adequado. Para isso, são coletadas algumas gotas de sangue do calcanhar do bebê. Com esse material, é possível diagnosticar mais de 50 doenças genéticas, metabólicas e infecciosas que, se não tratadas desde o início, podem causar complicações graves ou até levar ao óbito.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 295 mil recém-nascidos morrem todos os anos devido a anomalias congênitas. No Brasil, essas condições já representam a segunda principal causa de mortalidade infantil.
De acordo com a Dra. Gabriela Maia, pediatra da UPA Campo dos Alemães e da UBS Altos de Santana, unidades gerenciadas pelo CEJAM (Centro de Estudos e Pesquisas“Dr. João Amorim”) em parceria com a Prefeitura de São José dos Campos, o teste do pezinho permite detectar doenças metabólicas e genéticas, que muitas vezes não apresentam sintomas. “A identificação precoce dessas condições possibilita intervenções que podem prevenir ou minimizar complicações, aumentando significativamente as chances de um desenvolvimento saudável da criança.”
Entre as doenças triadas pelo exame básico estão o hipotireoidismo congênito que, quando diagnosticado a tempo, pode ser tratado com a administração de hormônios tireoidianos, evitando problemas intelectuais graves. Além dele, o exame identifica a fibrose cística e a fenilcetonúria, doenças que apresentam alta incidência e potencial para causar danos irreversíveis.
“Para rastrear um número maior de doenças, há ainda a versão ampliada do teste, que permite traçar um panorama mais completo, descobrindo até mesmo casos de falso-positivo”, explica a pediatra.
O período recomendado para a realização do exame, seja básico ou ampliado, é entre o terceiro e o quinto dia de vida do bebê, quando os marcadores bioquímicos das doenças são mais confiáveis. “Fora da janela ideal, o teste pode não detectar adequadamente algumas condições, o que diminui as chances de um tratamento efetivo”, reforça .
Ela também alerta que, caso o resultado indique alguma alteração, é necessário buscar orientação médica o quanto antes. “Os pais devem procurar imediatamente um pediatra ou especialista para discutir os próximos passos. Seguir as orientações médicas é fundamental para garantir o melhor prognóstico possível”.
Embora muitos pais já estejam cientes da importância do exame, a pediatra observa que ainda há lacunas. “O nível de informação dos pais varia consideravelmente. Há quem tenha plena consciência da importância do teste e quem ainda o desconheça completamente. Por isso, ações de orientação no sistema público, como campanhas educativas e orientações durante as consultas pré-natais são primordiais para aumentar a conscientização”, ressalta.
O teste do pezinho representa a porta de entrada para uma rede de cuidados contínuos oferecidos pelo PNTN. Após o diagnóstico, o programa assegura que a criança seja acompanhada por uma equipe especializada, que irá monitorar sua evolução clínica e assegurar o tratamento adequado ao longo do tempo.
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