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Paixão no futebol, amor, êxtase e frustrações


Herivelto Nunes Por Herivelto Nunes em 05/12/2024 - 06:00

O amor por um time move multidões, inspira sacrifícios e provoca êxtase e frustrações no coração dos torcedores. Foto: Agência Brasil

Difícil de explicar esse sentimento que leva o ser humano a fazer loucuras pelo time de seu coração. Como entender uma pessoa deixar sua cidade, viajar milhares de quilômetros, muitas vezes gastando o que não pode para acompanhar o clube de seu coração em uma partida decisiva de uma competição qualquer? Como explicar o cidadão de bem, de repente se tornar agressivo, se envolver em brigas e parar numa Delegacia de Polícia?

Gostar de futebol é uma experiência que transcende o campo de jogo e se insere profundamente nos corações daqueles que compartilham a paixão pelo esporte. Dentro das paredes de um estádio, essa magia se intensifica ainda mais. Nesse cenário, os sentimentos de alegria e paixão pelo time, torna o torcedor capaz de abraçar afetuosamente um desconhecido na hora do gol. Especialistas afirmam que, pelo bem ou pelo mal, o futebol pode se revelar uma válvula de escape. A alegria de ver seu time vencer é um raio de esperança em meio às tempestades pessoais.

Mas o que é difícil de compreender é intensidade dessa paixão. Como ela começa e porque nenhum torcedor apaixonado troca de time. O time do coração pode até não conquistar títulos e não proporcionar alegrias ao torcedor, mas ele é fiel, acredita sempre que é só uma fase ruim. Em Goiás, o Vila Nova não conquista o título estadual há quase 20 anos. E a torcida é cada dia mais apaixonada. O ditado popular diz que o “torcedor ou torcedora pode até trocar sua companheira ou companheiro, mas trocar de time, jamais.

Exemplos clássicos das loucuras que os torcedores apaixonados são capazes de fazer, estão espalhados pelo mundo. Na Inglaterra, os hooligans eram grupos de torcedores que usavam a violência para legitimar sua identidade e se diferenciar dos demais grupos rivais. Foram proibidos de entrar nos estádios da Europa. No Brasil, as chamadas “torcidas organizadas”, que de organizadas não tem quase nada, acolhem marginais que se escondem atrás das grandes bandeiras para a disseminação de práticas criminosas.  É uma realidade em praticamente todos os times brasileiros, mas são mais evidentes em São Paulo, Minas e Rio de Janeiro. As brigas entre torcidas quase sempre resultam na morte de torcedores, ou até de inocentes.

Em 2019, cerca de 20 mil torcedores do Flamengo viajaram do Brasil até Lima, capital do Peru, para a decisão da Copa Libertadores daquele ano. Muitos gastaram o que não tinham, venderam carros e até imóveis, saíram do emprego… Na semana que passou, cerca de 70 mil brasileiros viajaram do Brasil para Buenos Aires.  Os Argentinos ficaram atônitos, não acreditavam que o imenso estádio do River Plate ficaria lotado com tantos brasileiros. Ficou.

Nós também temos nossos exemplos de paixão tresloucada pelo futebol. Em 2010, o Goiás decidiu a Copa Sul Americana contra o Independiente de Avellaneda, na Argentina. Mais de 10 mil goianos estavam lá, superando todos os obstáculos de uma viagem internacional,  mostrando a força do seu amor pelo tradicional clube goiano.

Ano passado foi a vez do torcedor vilanovense passar por cima de tudo para acompanhar o time do coração em Natal, onde o Vila precisava apenas vencer o rebaixado e desmotivado ABC para conseguir o inédito acesso à série A. Inúmeros torcedores colorados viajaram para Natal, alguns pediram a demissão porque os patrões não abonaram suas faltas. Outros contrariam esposas e namoradas. O   intenso amor pelo clube  falou mais alto. Goiás, Atlético Mineiro e Vila Nova perderam. A viagem de volta certamente foi de muita tristeza, mas ao mesmo tempo, de renovação das forças para a próxima e inexplicável loucura de amor pelo clube do coração…

 

  • Com participação da jornalista Laila Melo.
Herivelto Nunes

Herivelto Nunes é Jornalista, com Pós Graduação em Gestão de Pessoas, Liderança e Coaching

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