Não se pode rotular o eleitorado apenas de bolsonarista ou não-bolsonarista. Palavras do governador Ronaldo Caiado à Veja. Este é o mundo que queremos, mas não é o mundo em que vivemos. Caiado é um dos mais prejudicados com esse rótulo, essa visão de país que vivemos na prática.
Seu projeto de ser candidato a presidente passa por aí, por um Brasil que não esteja centrado em ser ou não ser bolsonarista. Um Brasil amplo, em que direita, esquerda, centro e outras avenças se reconheçam e se enfrentem dialeticamente.
O bolsonarismo puxa o debate para o enfrentamento com o PT. Essa dualidade é uma de suas bases de sustentação. O PT existe antes do bolsonarismo. Já enfrentou a direita e a centro-direita. Mas, hoje, também se beneficia do dualismo, de certa maneira. Então, ajuda a alimentar o monstro do embate de vida e morte que nos segura perdidos no tempo.
Na arena racional das diferenças de ideias e ideais, Caiado tem coluna vertebral considerável. É um homem de contendas. Um político de pensamento e ação. Como o é o presidente Lula e o PT na essência. Como são outros políticos quando despidos da capa e espada do bolsonarismo.
O tipo de Nação que queremos é uma questão maior que a falsa defesa da liberdade feita por aqueles que só a entendem com a obediência absoluta de suas concepções e valores. O STF não pode prender a manifestação livre da opinião e da manifestação, mas deve permitir a dilapidação da imagem e do patrimônio público. A prática não bate com a teoria.
O bolsonarismo não é campo fértil para Caiado crescer. Nos últimos anos, ele vem lutando contra isso e buscando uma alternativa. Do jeito que está, precisa engolir seco o que não lhe cai bem para prosperar com seu sonho. O bolsonarismo é, enfim, uma realidade contra a qual não há argumento, porque não se movimenta por aí.
O bolsonarismo é a massa de soldados necessária para Caiado. O exército imprescindível. A concessão que terá de ser feita para o objetivo maior. Com um adendo: será correspondido? Será seguido? Será carregado em andor, mito que não é, por espaço já ocupado e delimitado pela desrazão do séquito?
Ronaldo Caiado, candidato de direita, precisará de Lula ou outro, de esquerda, com quem lutar. Mas, antes, terá de vencer o bolsonarismo para chegar lá, à candidatura robusta, com discurso e exército. E isso quer dizer cooptar, e não derrotar o bolsonarismo. Cenário realista?