O secretário de Saúde de Goiânia, Luiz Pellizer, confirmou à Comissão de Saúde e Assistência Social (CSAS), que comparecerá à Câmara Municipal, na próxima segunda-feira (17), para prestação de contas referente ao último quadrimestre da administração anterior. Desde dezembro de 2024, a pasta é gerida por indicados da atual gestão, devido à intervenção na Saúde de Goiânia.
A ida de Pellizer ao Legislativo ocorre em meio a reclamações públicas de vereadores sobre o tratamento dispensado pelo titular e de queixas nos bastidores de dificuldades impostas pela secretaria para emplacar indicações nas unidades de saúde.
Nos bastidores, vereadores alegam que o secretário tem priorizado profissionais com perfil acadêmico, com mestrado e até mesmo doutorado, para posições de supervisão. No entanto, a gratificação para a função, na ordem de R$ 800, não teria atraído estes quadros e bloqueado atuação dos parlamentares, que também reclamam de falta de atendimento.
Na quarta-feira (12), o vereador Tião Peixoto (PSDB) reclamou de uma espera de duas horas no gabinete do secretário. “Ele marcou quatro vezes comigo na Saúde e me deu esse chá de cadeira, uma falta de respeito. Meu repúdio ao secretário doutor Luiz”.
O vereador Anselmo Pereira (MDB), que presidia à Mesa Diretora, aproveitou o momento para rebater a postura do secretário, sugerindo que a falta de respeito deveria ser tratada de maneira mais firme. “Eu vou mandar minha secretaria colocar na mesa do senhor agora o Estatuto do Idoso”, disse.
“Além de vereador, é idoso. Da próxima vez que o senhor for lá, o senhor não usa de ser vereador não, usa o Estatuto do Idoso. O senhor chama o primeiro guarda da esquina e manda prender, porque a lei é para ser exercitada. Não é para ficar em prateleira”, aconselhou Pereira com um recado: “Ai daquele que acha que eu vou ficar duas horas esperando, não fui pedir favor para mim. Eu peço é para o povo”, cutucou.
Na sessão de quinta-feira (13), o vereador Markim Goyá (PRD) justificou ao colega Tião Peixoto que o secretário estava em reunião com o prefeito Sandro Mabel e, por isto, não pode atendê-lo. Anselmo, então, alfinetou se tratar de “importante mudança de comportamento de atendimento na administração da prefeitura”.
Crise na Saúde
Nas últimas semanas, Goiânia enfrentou uma crise no atendimento de UTIs, com três mortes de pacientes que aguardavam por vagas. O prefeito Sandro Mabel não comentou sobre as mortes de Grazielly Silva de Souza e Lucia Helena Pereira Magalhães, e de Dona Vanda, mas atribuiu a alta demanda pela falta de leitos à sobrecarga gerada pelo carnaval, segundo ele um período de pico para os hospitais da cidade.
Em resposta, a Prefeitura contratou 10 novos leitos de UTI para adultos na Santa Casa de Misericórdia, e informou que está em negociações para abrir mais 10 leitos no Hospital das Clínicas.
A crise na saúde também afetou crianças, com casos como o de um bebê de seis meses, que aguardava por vaga em leito de UTI pediátrica por três dias.
A situação na saúde pública também gerou repúdio dos profissionais da área. Sindicatos emitiram nota-conjunta em que condenam as abordagens desrespeitosas, as ameaças de demissão e a coação por parte da Guarda Civil Metropolitana durante visitas às unidades de saúde.
A tensão aumentou quando, durante uma visita à UPA Novo Mundo, Mabel teria reagido de forma ríspida a um relato de um servidor sobre a falta de medicamentos e insumos, expulsando o trabalhador em vez de dialogar, o que gerou reação dos sindicatos.
As entidades também tiveram reunião com a promotora Marlene Nunes, no Ministério Público Estadual, para tratar das graves denúncias envolvendo a postura autoritária do prefeito Sandro Mabel.