Por Redação Tribuna do Planalto em 24/03/2025 - 20:10
A declaração do prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (União Brasil), feita durante a apresentação da prestação de contas do último quadrimestre de 2024, nesta segunda-feira (24), provocou forte reação entre vereadores da Câmara Municipal — inclusive de sua própria base. Ao relatar um episódio com um carroceiro no Jardim Novo Mundo, Mabel disse que ameaçou enviar o cavalo do trabalhador para um frigorífico “fazer salsicha dele”, o que gerou críticas e notas de repúdio de parlamentares ligados à causa animal e aos direitos humanos. Parlamentares chegaram a pedir que o prefeito se retratasse.
“Um dia eu peguei um carroceiro lá no Jardim Novo Mundo e dei uma prensa nele lá, que ele estava jogando o que ele tinha recolhido na carroça, jogando no canteiro nosso. Ele falou, não, eu vou pegar esse cavalo seu aí e vou mandar lá para o frigorífico fazer salsicha dele. Não é possível você ficar estragando a cidade desse jeito”, afirmou Mabel, ao usar o episódio para justificar a ampliação dos ecopontos da capital — que passará de 4 para 30 unidades, segundo ele.
A fala foi recebida com indignação por defensores da causa animal. O vereador Lucas Vergílio (MDB), presidente da Comissão de Proteção, Defesa e Direitos dos Animais da Câmara, publicou nota de repúdio ainda na tarde de segunda-feira, chamando a fala de “extremamente desrespeitosa” e alertando para os riscos de normalização de maus-tratos:
“A declaração, além de infeliz, é extremamente desrespeitosa com os princípios da proteção animal e ignora completamente a legislação que garante a dignidade e o bem-estar dos animais no município de Goiânia”, escreveu Vergílio.
“Qualquer tipo de ameaça ou manifestação que incentive maus-tratos é inaceitável, independentemente do contexto em que tenha sido dita”, completou.
A comissão presidida por ele deve protocolar requerimento junto à Prefeitura, pedindo esclarecimentos e informações sobre políticas públicas para animais de tração.
Outro a se manifestar foi o vereador Fabrício Rosa (PT), que classificou a fala do prefeito como uma demonstração de “crueldade” e “desprezo pela dignidade humana”.
“Em tom de ameaça e crueldade, afirmou que confiscaria o cavalo de um trabalhador e o enviaria a um frigorífico para fabricação de salsichas. Falas desse tipo são inaceitáveis e demonstram total desprezo pela vida animal e pela dignidade humana”, afirmou o petista em nota.
Fabrício exigiu uma retratação pública do prefeito e reafirmou o compromisso de seu mandato com políticas de proteção animal e de respeito aos trabalhadores.
