Para celebrar o Dia Mundial das Abelhas (20 de maio) e relembrar a importância da preservação destes pequenos insetos, o curta-metragem documental goiano Resgate Abelha será lançado na quinta-feira (22), no Cine Cultura, em Goiânia. A sessão é gratuita e a retirada de ingressos pode ser realizada com até uma hora de antecedência, com possibilidade de lotação, que acomoda até 74 pessoas.
As abelhas estão sob séria ameaça em todo o mundo, colocando em risco a polinização de cerca de 75% das culturas alimentares globais. Com uma estética contemplativa da vida das abelhas, o documentário retrata o trabalho de apicultores dedicados à preservação, à polinização e ao resgate de enxames em áreas urbanas. O filme mostra detalhes do cotidiano dos animais na produção de mel e em sua existência, de forma geral. Entre as cenas mais curiosas está o nascimento de um “bebê abelha”.
Nas imagens captadas, as colmeias são mostradas de perto e com detalhes do funcionamento de um enxame: os ovos, as larvas, as operárias. A obra é dirigida pelos cineastas goianos Kaco Olímpio e Luciano Evangelista e foi motivada pela vontade de contar a história dos trabalhadores desta área, bem como da importância das abelhas para o meio ambiente e para a vida na Terra
Redução populacional
Um estudo publicado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) de 2019 aponta que, nos anos anteriores, algumas regiões relataram uma redução de até 30% nas populações de abelhas. As principais causas dessa queda incluem o uso excessivo de pesticidas, a destruição de habitats naturais, as mudanças climáticas e a disseminação de doenças. A continuidade desse declínio pode comprometer a segurança alimentar e a biodiversidade do planeta.
É o que explica uma das personagens do documentário. Gisana Cristina é doutoranda em qualidade do mel, especialista na preservação de abelhas e técnica na escola de Agronomia da Universidade Federal de Goiás (UFG). “As abelhas fazem o processo de polinização, que é a reprodução das plantas. Sem as plantas, não temos os frutos, sem eles não temos os animais que se alimentam dos frutos. Sem os animais, não temos os animais que se alimentam desses animais.”
A pesquisadora ressalta que estes insetos são responsáveis pelo processo de grande biodiversidade no planeta e, sem elas, a cadeia alimentar fica completamente comprometida. “A biodiversidade é a quantidade diferente de vidas existentes na Terra. Sem as abelhas, tem-se uma quebra na cadeia alimentar que pode causar um caos no mundo. A consequência é que deixaríamos de ter alimentos, não só para animais, mas para humanos também”, alerta.
Polinização: um caminho possível
O documentário Resgate Abelha mostra, ainda, a importância do incentivo à polinização, que pode ser feita de diversas formas. Uma delas é a chamada polinização assistida, quando há a coexistência entre a monocultura e as abelhas. Neste caso, caixas de abelhas são colocadas próximas às plantações para ajudarem na polinização e melhoria da qualidade do que se produz.
Gisana explica que já existem estudos da Embrapa que comprovam a eficiência desta prática. “Consegue-se aumentar, por exemplo, bastante o peso e a qualidade do fruto final desta polinização. A saca do café aumenta em mais 16% do peso e a nota sensorial aumenta em 2 pontos”, exemplifica a doutoranda. Ela também faz parte do Apiagro UFG, um projeto focado na educação e na conscientização sobre o tema.
Contudo, as dificuldades para a adoção desta alternativa são grandes, principalmente devido ao uso de pesticidas e agrotóxicos nas lavouras. Durante todo o dia, as abelhas saem para realizar a polinização e retornam para as casa por volta das 16h ou 17h horas. Neste período, é importante que os agricultores dos locais onde é feita a polinização assistida não pulverizem nenhum tipo de tóxico. Afinal de contas, eles são letais para os pequenos insetos.
Mas não é o que acontece na prática, segundo experiência de outro personagem do filme, Helder Lino, apicultor da região de Jaraguá. Ele conta que tem desistido de levar suas criações de abelhas para atuar junto às monoculturas, pois já perdeu muitos animais devido à falta de consciência dos agricultores.
“Seria possível trabalhar em conjunto para produzirmos toneladas de mel: lavoura, pecuária e floresta junto. Isso se eles respeitassem o horário de pulverização e tivessem mais consciência e respeito às abelhas. É uma oportunidade de fazer polinização e produzir esse complemento alimentar com propriedades tão importantes para nós”, afirma Lino.
Resgates em áreas urbanas
Outro ponto abordado em Resgate Abelha são os resgates realizados por profissionais nas cidades. Muitas vezes, os insetos se instalam e criam colmeias em locais inusitados dos espaços urbanos.
A equipe do documentário acompanhou o trabalho de Rodrigo Marcílio em Goiânia e na região metropolitana. Algumas se criam dentro de ar condicionado, em escapamentos de carros e até mesmo em grandes alturas de prédios. O trabalho rendeu imagens únicas e que trazem momentos de adrenalina ao filme.
Além de Resgate Abelha, na sessão de quinta-feira serão exibidos outros cinco curtas-metragens na mesma sessão: Sereia do Brava (direção: Luciano Evangelista), Terra Delas (direção: Bárbara Zaiden) Resgate Abelha (direção: Kaco Olímpio e Luciano Evangelista), Mestres da Terra (direção: Kaco Olímpio) e História Real da Conquista Violenta (direção: João Paulo Alexandre). Todas as produções receberam incentivo da Lei Federal Paulo Gustavo e Resgate Abelha é um projeto contemplado pelo Edital nº 4/2023 Produção Curta Metragem, Obra Seriada e Telefilmes, Documentário e Minidocumentário da Lei Federal Paulo Gustavo.