A Câmara Municipal de Goiânia vive em um universo paralelo. É o que se pode depreender do melancólico fim da Comissão Especial de Inquérito (CEI) da Comurg. Contrariando disposições legais e orientação da Procuradoria do Legislativo, o relatório final da comissão foi publicado sem a divulgação da farta documentação reunida ao longo de mais de cinco meses de atividades.
A comissão de investigação foi instalada em um momento de insatisfação parlamentar com a administração do prefeito Rogério Cruz, mas acabou perdendo fôlego com a negociação de cargos, especialmente para aliados políticos e parentes de integrantes da CEI. As denúncias graves de má administração de recursos públicos, desvios e nepotismo ficaram pelo meio do caminho.
Pode parecer aos vereadores que esse negócio de comissão de inquérito não é algo palatável ao povo, que desconheceria a importância e os poderes de uma CEI. É possível que grande parte não saiba disso. Mas os moradores sabem identificar os problemas visíveis e palpáveis que estão na porta de suas casas.
A divulgação do relatório vazio acontece em um momento de grave crise na coleta de lixo na capital. Na sexta-feira 13, moradores de bairros de regiões nobres, como Marista, Bueno, Serrinha, Bela Vista e Pedro Ludovico, sofriam com três dias sem coleta. Ruas e calçadas malcheirosas e cheias de insetos são o resultado dessa má gestão da Comurg, para dizer o mínimo.
O problema que começou a ser investigado continua e seus resultados têm se agravado.