Andréia Bahia
Recentemente o governador Ronaldo Caiado (UB) afirmou que, em Goiás, não existe “oposição sólida”.Não se sabe bem ao certo o que quis dizer com sólida, mas é fato que a oposição no estado foi gradativamente esvaziada desde 2018, quando seu principal concorrente foi Daniel Vilela (MDB), hoje vice dele. Em 2022, na disputa pela reeleição, o governadorteve como adversário o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia Gustavo Mendanha (Patriota), que acaba de indicar seu irmão, Danilo Mendanha, para compor o governo.
No governo Lula a situação não é diferente. Todos os partidos do chamado Centrão caminham para compor o governo federal e apenas o PL, de Jair Bolsonaro, segue na oposição. Mas não uma oposição programática; ocupa o espaço do antipetismo que, no passado,foi ocupado pelo PSDB; aí sim, de forma programática e ideológica.
No passado recente, PT e PSDB, alternando no poder, não abriam mão do papel de oposição, e esse foi certamente o período mais democrático que o país viveu desde a redemocratização. Em Goiás, coube ao PSDB e ao MDB exercer esses papéis durante o mesmo período.
Hoje,tanto lá como cá, o que define o apoio aos governos federal e estadual é o fisiologismo, o toma-lá-dá-cá de cargos em troca de votos e apoio. Não se trata de uma adesão às políticas públicas propostas pelo governo, mas de uma simples e cega adesão ao governo.
Esse esvaziamento da oposição não deve ser comemorado por políticos do campo democrático. As oposições são indispensáveis à democracia, pois exercem o papel essencial de controle e fiscalização do governo. Sem elas, corre-se o risco de arroubos autoritários por parte dos governantes, coisa que vimos em ocasiões bastante recentes.
Cabe à oposiçãomediar o debate, ser o contraponto que corrige eventuais equívocos e avança empontos quepodemser melhorados.Aausênciadeuma oposição, seja ela sólida ou líquida,resulta emgovernosde baixa qualidade,haja vista que não são alvosde críticas construtivas e recebemapenas o aplausodos sabujos interesseiros.