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Carta dos prefeitos é claro sinal de que MDB se cansou de estar fora do poder


Avatar Por Redação em 20/07/2021 - 00:00

|Prefeito de Catalão, Adib Elias cobrou do governador atenção aos que o apoiaram em 2018|

Por Thiago Queiroz

Diferentemente das eleições de 2014, quando pelo menos 20 prefeitos do MDB deixaram de apoiar o candidato de seu partido, Iris Rezende, ao governo do estado e terem feito campanha para o adversário, Marconi Perillo (PSDB), que venceu o pleito, 27 dos 28 prefeitos atuais anteciparam apoio a candidato de outro partido para a disputa do próximo ano: Ronaldo Caiado (DEM), atual governador, num claro sinal de que não querem mais disputar eleição majoritária somente para manter em evidência o nome e a tradição do partido em Goiás. O intuito da maioria é que o atual presidente, Daniel Vilela, seja o vice na chapa governista.

Os infiéis de 2014 tiveram de responder a processo no Conselho de Ética emedebista por infidelidade partidária e correram o risco de ser expulsos da legenda. Eles foram salvos por, principalmente, Daniel Vilela, Maguito Vilela, José Nelto, Paulo Cézar Martins e Pedro Chaves, que eram contra a expulsão, ante o empenho de José Nelto e o próprio Iris Rezende, o mais prejudicado, que queriam punição a eles.

A eleição era a quinta seguida que o MDB perdia para o governo do estado, todas pela dupla Iris e Maguito. Depois disso, outra candidatura do partido, com Daniel Vilela, em 2018, também deixou os emedebistas longe de uma vitória. Figura natural para construir uma candidatura mais fortalecida, Daniel não captou para si a liderança oposicionista nem conquistou dos correligionários a confiança de que poderia encampar um projeto mais robusto que os anteriores.

Cansados de estar fora do poder, desta vez, após 27 anos da última vitória emedebista em eleição estadual, os 27 prefeitos do partido que assinaram a carta fizeram questão de promover evento no diretório estadual para a entrega ao presidente. Foi a mostra evidente de que desejam que a simbologia do ato tenha força para convencer a cúpula de que as bases querem outro caminho, e não a disputa, para conseguir fazer parte do poder. A última posse emedebista no Palácio das Esmeraldas foi em 1995.

À época do início da aliança com Caiado, antigo adversário, em 2014, a resistência por parte de membros do MDB, e sendo Iris o nome que encabeçava a chapa, foi menor quanto a composições, já que também era contra o algoz do partido desde 1998, Marconi Perillo.

Pesará contra a direção emedebista, presidida por Daniel Vilela, dentre outros, o fato de agora, diferentemente das seis derrotas para o grupo do PSDB, o partido apoiar um governador que já contou com a simpatia e trabalho de prefeitos de seus quadros, e que foram expulsos, e ter Caiado se elegido senador, em 2014, na chapa do MDB, em aliança costurada pela sua maior liderança, Iris Rezende, que agora, novamente, trabalha pelo apoio a Caiado, em retribuição pelo também apoio do senador eleito pela sua vitória na disputa à Prefeitura de Goiânia em 2016.

À época do início da aliança com Caiado, antigo adversário, em 2014, a resistência por parte de membros do MDB, e sendo Iris o nome que encabeçava a chapa, foi menor qua­n­to a composições, já que também era contra o algoz do partido desde 1998, Marconi Perillo.

Resistentes

O único prefeito que não assinou a carta nem participou da reunião foi o de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, que, junto ao presidente Daniel Vilela, é um dos principais nomes para disputar com Caiado no ano que vem.

A ação dos 27 prefeitos jogou por terra as discussões do MDB que afloraram nos últimos dois meses e movimentaram as bases do partido sobre anúncio antecipado do nome que seria escolhido para que tivessem candidatura própria. O embate chegou a ser o principal da eleição para renovação do diretório.

Liderada pelo deputado estadual Paulo Cézar Mar­tins, então vice-presidente do partido, uma ala chegou a lançar chapa para a disputa para contrapor e cobrar do presidente esta decisão. Sem sucesso. A disputa acabou tendo chapa única e, antes de qualquer movimentação do diretório, os prefeitos lançaram a carta.

Gustavo Mendanha, que não foi convidado para a reunião se manifestou em suas redes sociais para defender, mesmo assim, candidatura própria no MDB. “Acredito que o MDB de Goiás tem todas as condições para apresentar uma alternativa aos goianos”, escreveu. Ele propôs diálogo não só com os prefeitos, mas com os filiados em todos os 246 municípios goianos.

Paulo Cézar Matins, de­fen­sor do nome de Men­danha desde já e de anúncio e trabalho antecipado por ele, afirmou, também pelas redes sociais, que “é prematura qualquer decisão do MDB relacionada a alianças”, para justificar que o desejo dos prefeitos reduz a força, além da candidatura própria, do partido em Goiás.

Dissidentes emedebistas que apoiaram Caiado em 2018 e foram expulsos são contra aproximação e composição

Se acatada a vontade dos 27 prefeitos manifestada na carta, com o possível convencimento dos membros do partido, novo imbróglio será protagonizado por ex-emedebistas, expulsos do partido pelo presidente Daniel Vilela justamente por terem apoiado abertamente a eleição de Ronaldo Caiado ao governo, em 2018.

Prefeito de Catalão, Adib Elias cobrou do governador atenção aos que o apoiaram em 2018

O quarteto composto pelos prefeitos de Catalão, Adib Elias; de Rio Verde, Paulo do Vale; de Turvânia, Fausto Mariano; e — hoje ex-prefeito e atual secretário de Governo — de Formosa, Ernesto Roller, resistiram a candidatura própria na última eleição e participaram da campanha de Caiado. Roller virou secretário da administração do governador. Adib também foi convidado, mas preferiu continuar na prefeitura.

Daniel Vilela levou o nome deles ao Conselho de Ética do partido, que instaurou um processo de expulsão e eles perderam. O único que não foi expulso por força do MDB foi Ernesto Roller, que se antecipou e se desfiliou antes do

Daniel Vilela, que expulsou emedebistas, terá de enfrentá-los caso queira vaga de vice de Caiado

julgamento.

A aproximação de Da­niel com o governador se intensificou após o rompimento do partido com o vice eleito junto com Maguito para a Prefeitura de Goiânia, em 2020, o hoje prefeito Rogério Cruz (Republicanos). As críticas do emedebistas à gestão de Caiado também se calaram.

Diante dos burburinhos dessa possível composição para a próxima eleição, Adib Elias foi um dos que se levantaram contra. Prefeito de Catalão, ele cobrou do governador atenção aos que, junto com ele, foram expulsos do partido por tê-lo apoiado em 2018. Os pontos favoráveis à vontade de Adib e dos dissidentes expulsos são eles administrarem municípios com grande volume de eleitores: Rio Verde, Formosa e Catalão. Além de terem demostrado fidelidade muito antes ao governador. (Thiago Queiroz)

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