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Justiça ergue clava forte e Bolsonaro foge à luta


Avatar Por Redação em 13/09/2021 - 00:00

Foto: Reuters/Arquivo|

Por Thiago Queiroz

O quarteto de deputados federais goianos mais ferrenhos à defesa de Jair Bolsonaro (sem partido) imediatamente após a divulgação concordou com cada linha dos dez itens da Declaração à Nação, emitida pelo presidente, e prontamente saiu em defesa do novo personagem que se disse sempre “disposto a manter diálogo permanente com os demais Poderes pela manutenção da harmonia e independência entre eles.” Bastante criticado por apoiadores que viram a nota como recuo em relação às ameaças ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à incitação para que seus seguidores se engajassem nos atos golpistas, Bolsonaro pôde contar com apoio expressado publicamente pelos aliados goianos Glaustin da Fokus (PSC), João Campos (Republicanos), Magda Mofatto (PL) e Major Vitor Hugo (PSL).

Os exageros nas falas do presidente em seus discursos durante as manifestações do dia 7 somadas ao histórico de agressões verbais ao STF e principalmente ao ministro Alexandre de Morais, repercutiu negativamente no mercado, como era de se esperar, e o valor do dólar disparou 2,89% e chegou a R$ 5,326, a maior alta percentual diária em mais de um ano. Após o presidente divulgar a carta, auxiliado pelo ex-presidente Michel Temer (MDB), o dólar caiu a R$ 5,227. A Bolsa se recuperou e fechou o dia 9 com alta de 1,72%. Mas o mais ameaçador para Bolsonaro foram seus atos trazerem à tona as discussões sobre abertura de impeachment. Além dos riscos de afastamento pelos ataques ao STF, partidos como o PSDB, PSD, Solidariedade e até o MDB consideraram apoiar a abertura de processo de impeachment contra o presidente.

A turma goiana comemorou e creditou a branda acalmada no mercado à ação pacificadora do presidente. Glaustin da Fokus (PSC), usou as redes para endossar as falas de Bolsonaro e ressaltar que no país “precisamos de diálogo para que o nosso Brasil não deixe de avançar ainda mais em tempos tão desafiadores.” Ele fez apelo direto aos caminhoneiros que ainda eletrizados com as movimentações de 7 de setembro resolveram bloquear rodovias pelo país, inclusive trechos em Goiás. “Amigos caminhoneiros, precisamos da ajuda de vocês! A paralisação gera grandes impactos negativos para o nosso Brasil e, principalmente, para as pessoas em situação de vulnerabilidade social. O nosso presidente é sensível à causa da categoria, mas pede ajuda para que os protestos cessem”, escreveu ele, que é sócio-fundador do Grupo Fokus, que tem como principal atividade o transporte de mercadorias.

Do Republicanos, João Campos, que é líder evangélico e também defensor do lema Deus, Pátria e Família, postou nas redes sociais a íntegra da carta e parabenizou o presidente “pela atitude de coragem e de grandeza.” O deputado tratou o recuo como “iniciativa pela pacificação que levará o país à estabilidade institucional e econômica.” Porém, ele reafirmou a indignação com o Judiciário, especialmente com o STF. No vídeo ele se diz ainda crítico em relação ao ativismo praticado pelo Poder e que está junto com Bolsonaro.

Magda Mofatto, que gravou vídeo em que aparecia armada até os dentes para provocar o governador Ronaldo Caiado (DEM) durante a operação das polícias goianas na captura do assassino em série Lázaro Barbosa, em Cocalzinho, apareceu para defender Bolsonaro pelo recuo ao afirmar que “a melhor guerra é aquela que se ganha sem batalhas sangrentas.” A deputada foi às manifestações de Brasília no dia 7 dirigindo ela mesma um caminhão, em apoio ao presidente. “40 graus debaixo de sol, 3h30 da tarde, mas poderia ser 60 graus. Vamos continuar firmes, fortes e vigilantes pelo Brasil”, escreveu ela em meio aos apoiadores de Bolsonaro na Esplanada dos Ministérios. Pela divulgação da carta, ela parabenizou o presidente. “O senhor agiu como um verdadeiro Chefe de Estado. O senhor é um verdadeiro líder.”

Ex-líder do governo na Câmara dos Deputados, Major Vitor Hugo manteve um pouco da euforia vista pela turma bolsonarista antes dos atos de 7 de setembro. Segundo ele, as lutas para mudar o Brasil estão longe de terminar, mas que Bolsonaro sempre disse que jogaria dentro das quatro linhas, se referindo à Constituição Federal. “Ele pensou no País, nos mais pobres, em nossa economia, em nosso futuro… (bolsa subindo, dólar caindo, oposição histérica… jogou certinho…). Tenho visto e acompanhado as pressões diuturnas a que o PR [presidente] está submetido. São imensuráveis… só alguém muito resiliente não pediria para ir embora… e estamos seguindo em frente. Críticas vindas dos nossos são legítimas, mas temos que continuar olhando o todo e não desistir”, escreveu o aliado sobre o recuo do presidente à incitação dos atos golpistas.

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