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Infraestrutura, política e o relógio da pré-campanha


Domingos Ketelbey Por Domingos Ketelbey em 06/04/2025 - 11:11

Caiado no lançamento da pré-candidatura

O governador Ronaldo Caiado (União Brasil) tem um trunfo em sua pré-candidatura à Presidência da República: além dos bons índices na segurança pública e educação, adquiriu estabilidade política e fiscal construída em Goiás. Mas também carrega um desafio proporcional à ambição nacional. Entre os obstáculos, um deles já está em campo: entregar, no tempo certo, as obras do Fundeinfra — fundo abastecido por contribuições do setor agropecuário e que, apesar de R$ 2 bilhões arrecadados desde 2022, ainda enfrenta desconfiança de produtores e agora questionamentos jurídicos.

O Ministério Público de Goiás ajuizou nesta semana uma ADI contra a lei que permite a contratação direta do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag), do Sistema Faeg, para tocar as obras do fundo, sem chamamento público. A matéria foi aprovada pela Assembleia com folga, mas não sem ruído: além do aspecto legal, a medida reacende a cobrança por agilidade e resultados. Até aqui, apenas duas obras foram entregues.

Nos bastidores, a avaliação é de que o cronograma está em ritmo de maturação. Quase 20 obras estariam em execução, com entregas previstas mês a mês a partir deste semestre. “O Fethab em Mato Grosso levou décadas para amadurecer. O Fundeinfra já nasce com entregas previstas para este semestre”, afirmou uma fonte ligada ao governo. 

A mensagem interna é clara: não se pode comparar o fundo goiano ao PAC federal, que também enfrenta críticas por não tirar obras do papel — a diferença estaria na efetividade das ações em curso, ainda que em estágio inicial.

Caiado sabe que, antes de pedir confiança ao país, precisa manter firme o apoio de sua principal base: o agro. Isso implica não apenas mostrar obras, mas demonstrar que o Estado ainda é capaz de inovar em gestão e desburocratização, sem atropelar a legalidade. A contratação via Ifag é aposta nesse sentido, embora alvo de questionamentos.

Enquanto isso, o governador começa a dosar o tempo entre a governança local e a peregrinação nacional. A tendência, confirmada por aliados, é de que o vice Daniel Vilela assuma cada vez mais protagonismo.

“Ficaremos mais sob o comando do Daniel. E isso também será bom para ele se preparar para melhor gerir a máquina pública”, confidenciou uma fonte com trânsito no alto escalão. Não se trata apenas de uma transição administrativa, mas de um gesto político: para que o bastão presidencial seja almejado, é preciso mostrar que há quem possa segurar o estadual com firmeza.

DANIEL PREPARADO | Com o lançamento da pré-candidatura do governador Ronaldo Caiado, aliados esperam que Daniel Vilela, o vice, esteja mais presente nas decisões administrativas em torno do estado. “Isso já acontece antes mesmo de a pré-candidatura ser lançada. O governador já tem dito isso há tempos. Então, agora é trabalhar para manter o bom trabalho feito e dar continuidade”, reforça Daniel à coluna.

1 – Trabalho 

Durante os dois dias que este colunista esteve em Salvador

2 – Contra

Muita gente de Goiás louvava o governador Ronaldo Caiado

3 – O Desconhecido

Entretanto, poucos daqueles de Salvador sabiam sequer quem ele era

Taxa do Lixo

O Paço escalou o secretário da Fazenda, Valdivino Oliveira, para atender veículos de imprensa para conter um princípio de crise em torno do cálculo para a cobrança da taxa de lixo, uma das primeiras articulações do prefeito Sandro Mabel junto à Câmara Municipal, ainda como prefeito eleito. 

Cheirou mal

Vereadores usaram a falta de clareza sobre a cobrança para atacar a administração e enviar recados ao Paço. Coronel Urzêda (PL) e Cabo Senna (PRD) falaram em derrubar a cobrança por meio de um decreto legislativo e foram amparados por colegas. Lucas Vergílio, do MDB, chegou a apresentar um projeto de lei para revogar a medida. O Paço interpretou as falas como de quem quer negociar. 

100 dias…

Mabel, aliás, termina os 100 dias com pouca oposição na Casa. Dois dos três vereadores do PT, Kátia Maria e Fabrício Rosa têm feito críticas contundentes, enquanto Professor Edward é mais polido. Aava Santiago (PSDB) irrita o prefeito desde o início da gestão, quando ele a respondeu em vídeo após ela fazer cobranças de dívidas da Fundahc.

Sem oposição

Em Aparecida, Leandro Vilela dialoga com os 25 vereadores e a prefeitura faz discurso de que não existe oposição à Vilela na Casa. Até mesmo vereadores que apoiaram o derrotado Professor Alcides (PL) tiveram reunião com o prefeito na última semana e têm sido atendidos com serviços. Dieyme Vasconcelos (PL) agradeceu ao prefeito por obra de asfalto no Buriti Sereno. 

Ex-presente

Gustavo Mendanha tem participado ativamente das agendas da Prefeitura de Aparecida, onde ainda possui espaços e influência na administração. Ele acompanhou Vilela na visita à Câmara e tem ido a eventos públicos, como evento de capacitação sobre pessoas com deficiência e entrega de ambulâncias do Samu pelo governo federal.

Futuro

Mendanha é um dos cotados para disputar a segunda cadeira de senador pela chapa governista, junto com a primeira-dama Gracinha Caiado. Nos bastidores, o Palácio das Esmeraldas articula a vinda do PL para a base, o que, se ocorrer, entra em jogo essa cadeira ou mesmo a vice de Daniel Vilela em 2026. 

Cartão corporativo

Foi aprovado projeto de lei do prefeito Márcio Corrêa (PL) para implementar na administração de Anápolis o uso de cartão corporativo para “despesas urgentes e inadiáveis” com teto será mensal de R$ 25 mil para cada cartão. Em Goiânia, esse tipo de cartão foi extinto pela gestão do prefeito Rogério Cruz (Solidariedade). 

Agência Câmara

Ao menos sete vereadores de Goiânia passam este fim de semana fora. Alguns viajaram para Salvador, para prestigiar o evento de lançamento do governador Ronaldo Caiado à Presidência, e outros foram a São Paulo para manifestação pró-anistia, com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Racha

Vice-presidente do União Brasil, ACM Neto, reconheceu racha no partido em torno da pré-candidatura do governador Ronaldo Caiado (UB). Contudo, apaziguou. À coluna, disse que divisões fazem parte do processo democrático e que o assunto vai ter um desfecho favorável para a legenda.

Com a palavra, ACM Neto
“Não há crise, há reconhecimento de que é cedo para fechar questão. Vamos dialogar, abrir espaço para todos e, na hora certa, o partido vai se alinhar em torno do que a maioria decidir”, salientou.

Federação não anula candidatura
ACM Neto afirmou que o assunto sobre a federação junto ao PP será retomado em Brasília, após o evento de Salvador, e negou qualquer conflito direto com a pré-campanha de Caiado. “Uma coisa não anula a outra. A federação é um processo possível, e a pré-candidatura também. Se avançarem, será com diálogo e com a participação do próprio governador.”

Baldy contra

Presidente do PP em Goiás, o ex-deputado federal Alexandre Baldy posicionou-se contrário à federação com o UB. Seguiu o mesmo posicionamento do governador Ronaldo Caiado, que também é contra. Baldy, todos sabem, é presidente da Agência Goiana de Habitação (Agehab).

Estranho no ninho

O deputado federal Daniel Agrobom, ex-prefeito de Bom Jesus de Goiás, esteve presente no evento que marcou o lançamento da pré-candidatura do governador Ronaldo Caiado (UB). Discreto, não quis gravar entrevistas. Filiado ao PL, sabe que qualquer palavra pode desagradar correligionários.

Ausência sentida

Presidente do União Brasil, Antônio Rueda não esteve presente no evento de pré-candidatura do governador Ronaldo Caiado. Sua ausência foi sentida, mas não polemizada. De acordo com ACM Neto, foi o próprio governador que fez a sugestão. “Não há traumas na questão”, salientou.

Palavra não cumprida

Quando esteve em Goiânia, acompanhando as eleições do ano passado, Rueda foi um dos principais entusiastas da pré-candidatura do governador. Chegou a anunciar diversas vezes que estaria presente no evento, que culminou nesta sexta-feira (4), em Salvador. Repetindo: ausência sentida.

“Vão convergir”

“É um reconhecimento claro e sem nenhum trauma de que o partido tem seus diferentes pensamentos, que, no momento certo, vão se convergir”, declarou, ACM Neto, sobre a ausência de Antônio Rueda enfatizando que a sugestão da ausência do principal dirigente partidário foi do próprio Caiado.