A disputa pela liderança da bancada goiana no Congresso Nacional revelou muito mais do que uma simples eleição entre parlamentares. O embate entre José Nelto (União Brasil) e Flávia Morais (PDT) escancarou as fissuras políticas do grupo, reconfigurou alianças e trouxe à tona articulações que vão além dos interesses institucionais da bancada.
A nova eleição, realizada no dia 19 de março, consolidou a recondução de Flávia Morais ao cargo, mas não encerrou o conflito. José Nelto, que havia sido eleito no primeiro pleito por um voto de diferença, agora promete judicializar o processo, alegando um “golpe” para retirá-lo da função. Seu discurso tem apoio de parlamentares como Zacharias Calil que se ausentou da primeira eleição em protesto.
Nos bastidores, há leituras divergentes sobre a condução da bancada. De um lado, aliados de Flávia argumentam que a nova eleição foi necessária para corrigir uma distorção e garantir a participação de senadores na votação, como exige o regimento. Do outro, o grupo de José Nelto vê um movimento político articulado nos bastidores para garantir a permanência da deputada pedetista à frente da bancada, um importante espaço de interlocução com o governo federal, ponto de partida para destinação das emendas parlamentares.
Um ingrediente que engrossou o caldo na disputa foi uma suposta movimentação do governador Ronaldo Caiado (União Brasil), que, de acordo com fontes internas, teria atuado indiretamente para evitar que um deputado do seu próprio partido assumisse o comando da bancada. “Ele não quer ter problemas em seu projeto presidencial”, afirma um aliado.
O gesto fortaleceu as suspeitas de que o jogo político por trás da eleição da bancada ultrapassa os limites da própria bancada. Interlocutores do chefe do executivo negam a articulação à coluna.
Outra peça-chave foi a posição do senador bolsonarista Wilder Morais (PL), que, ao lado de Jorge Kajuru (PSB), vice-líder de seu partido no Governo Lula, não assinou a ata da primeira eleição, abrindo caminho para a nova votação. O gesto foi lido como um alinhamento de parte do PL com setores do PT e do PDT, criando um paradoxo dentro da própria oposição bolsonarista em Goiás. Peelistas negam a associação. “E se for assim, trata-se da democracia”, afirma um deputado liberal.
No fim, a bancada goiana sai desse episódio dividida em dois blocos: um, formado por parlamentares de PSD, MDB, Republicanos, PRD e parte do União Brasil, que apoiam José Nelto; outro, com PDT, PSB, PL, PT, PP, Podemos, PSDB e uma ala do UB, com a deputada federal Silvye Alves, que garantiu a vitória de Flávia Morais. A disputa não foi apenas pela liderança da bancada, mas por influência e proximidade com o Palácio do Planalto.
O que se desenha agora é um cenário de incerteza. Se José Nelto levar adiante sua promessa de judicialização, a bancada pode viver um novo capítulo de instabilidade, com impactos diretos na destinação de emendas e na interlocução de Goiás em Brasília. Enquanto isso, Flávia Morais terá o desafio de pacificar o grupo e provar que sua liderança não será apenas fruto de uma articulação política bem-sucedida, mas também de um comando eficiente para atender os interesses do estado.
DUAS BANCADAS, DOIS LÍDERES
Nos bastidores de toda essa patocada, parlamentares fazem piada sobre o assunto. “O lado bom disso tudo é que agora Goiás tem duas bancadas”, pontua um interlocutor. O grupo de José Nelto dispara contra Flávia Morais e reforça a intentona golpista. Numa analogia com a política venezuelana, alguns inserem o sobrenome do ditador venezuelano Nicolás Maduro ao nome da pedetista: Flávia Maduro Morais. “Se a Flávia é Maduro, o José Nelto é o Juan Guaidó”, brinca um parlamentar.
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Associação venezuelana
Juan Guaidó foi presidente da Assembleia Nacional e liderou a oposição venezuelana ao presidente-ditador Nicolás Maduro, entre 2018 e 2020. Em 2019, se autoproclamou presidente da República, título que sustentou até o final de 2022.
Alto lá
Questionado sobre a comparação, José Nelto rejeitou a comparação: “Estou mais para o Edmundo Gonzales, que venceu as últimas eleições na Venezuela, mas não assumiu”, referindo-se ao candidato que disputou contra Maduro. Derrotado, Gonzales também reivindicou vitória e convocou protestos entre apoiadores.
Troco
Flávia também não gostou nenhum pouco da comparação e disse à coluna que vai colocar José Nelto no Conselho de Ética. “Não é colocando apelidos em mim que ele vai resolver os problemas da bancada e vencer uma eleição. Sou da paz e sempre fui de buscar a pacificação na política”, pontuou.
UPA na UTI
O prefeito de Anápolis, Márcio Corrêa (PL), determinou a intervenção na gestão da UPA da Vila Esperança e afastou a organização social que tomava conta da unidade. O estopim para a mudança ocorreu no último sábado (15), quando a unidade ficou sem médicos porque parte da equipe se ausentou para realizar um concurso público.
Tolerância zero
“Se não cuidar da população, sai da cidade. Não vamos tolerar descaso ou serviço malfeito”, justificou Márcio Corrêa. Estamos trabalhando para melhorar a estrutura e evitar que situações como essa voltem a acontecer. E, dessa vez, as unidades que tanto foram prometidas serão entregues de verdade, prontas para atender a população com qualidade”, salientou.
Sob nova direção
Agora, a gestão da UPA passará a ser assumida, de forma emergencial, pelo Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus (HMTJ). De acordo com a Prefeitura de Anápolis, a medida conta com respaldo do Ministério Público de Goiás (MPGO).
1 – O debate
Partidos lutam para manter sua existência e buscam alianças
2 – das
Uma solução que muitos têm encontrado é costurar federações partidárias
3 – Federações
É o caso do PSDB, que passou os últimos quatro anos federado ao Cidadania
Saudades?
O vice-governador Daniel Vilela (MDB) voltou ao Paço Municipal após quase quatro anos na manhã da última sexta-feira (21), para se encontrar com o prefeito Sandro Mabel (UB). Trocaram apoios e garantias de apoio em seus próximos projetos.
Nada disso!
Surgiram especulações que Mabel tomou gosto pelas campanhas eleitorais e cogitava disputar o Governo de Goiás, em 2026. O encontro serviu para esclarecer que nada disso é verdade.
Duas gestões
Ao contrário, tanto no café da manhã a portas fechadas, como na coletiva com a imprensa, Mabel destacou que toda sua equipe vai trabalhar para reeleger Daniel Vilela ao governo em 2026. E que já pensa na sua reeleição em 2028. “Eu sou prefeito, preciso de ser reeleito, tem muita coisa para fazer em Goiânia. Tem coisa demais pra arrumar”, destacou Sandro.
Meia volta, volver
Após dizer que não iria a prestação de contas do último quadrimestre de 2024, marcada para a próxima segunda-feira (24), por entender que não cabia explicar números da gestão Rogério Cruz (SD), Mabel decidiu confirmar a participação e disse que vai pessoalmente ao legislativo goianiense.
(Mal)orientado?
Para justificar sua posição anterior, Mabel destacou que foi orientado por seus secretários a mandar apenas equipe técnica. Diante da reação de vereadores e repercussão negativa da decisão, decidiu voltar atrás.
Parceria
Tanto Mabel como Daniel destacaram que juntos vão tocar administrações de forma conjunta. O vice-governador, inclusive, chegou a pontuar que o Governo de Goiás vai apresentar, até o mês que vem, um projeto para auxiliar o Paço na revitalização do centro.
Time que ganha…
Questionado se deve pedir ao governador Ronaldo Caiado (UB) alguma mudança no secretariado, já pensando em sua gestão, Daniel destacou que o primeiro escalão deverá ser mantido da forma como está.
…Não se mexe
Ao ser provocado pela coluna que alguns membros do primeiro escalão devem disputar a eleição em 2026 e fatalmente terão de se desincompatibilizar dos cargos, Daniel reforçou que será um número pequeno. “Menos de cinco”, resumiu.
Contra!
Caiado, Mabel, do UB e até Daniel Vilela, do MDB, tem externalizado posição contrária a Federação do União Brasil com o PP. O assunto deve render nos próximos dias…
Viu essa?
A vereadora Aava Santiago, do PSDB, cobrou posição do diretório nacional da legenda, após Plínio Valério, senador de seu partido, disparar que já teve vontade de enforcar a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede). “O partido tem o dever de repudiar e enfrentar a violência política de gênero, a misoginia e a naturalização da violência contra as mulheres”.