Agora em outubro os eleitores são convocados para voltar às urnas, com o propósito de escolher os seus representantes nas eleições municipais, que elegem prefeitos, vice-prefeitos e vereadores. A data do primeiro turno, definida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é o primeiro domingo, dia 6, já o segundo turno acontecerá no último domingo do mês, dia 27.
No Brasil, a Constituição Federal vigente adota o regime democrático representativo, por meio do qual o povo elege seus representantes para as ações de governo, dando-lhes poderes para atuar em seu nome na administração dos bens coletivos e de interesse público. Isto se dá por meio do voto, que se transforma em instrumento de legitimação para a entrega do poder, que é do povo, aos eleitos.
Portanto, o poder soberano de escolha dos representantes é do povo. Nesse sentido, podemos alinhar algumas considerações a respeito do assunto. Primeiramente, cabem as perguntas: Conheço bem os candidatos e as propostas de cada um deles para a coletividade? Em quem devo votar?
Vejamos!… Votar no candidato, pelo simples fato de ser parente, é uma escolha de interesse familiar, não da coletividade; votar em pagamento de algum benefício próprio, favor ou promessa de favor pessoal, caracteriza a venda do voto, prática ilegal e abominável pelas pessoas de bem; votar no candidato por que tem boa formação pessoal e propostas consistentes para o bem da comunidade certamente será a melhor escolha.
Aliás, de alguma forma somos responsáveis pelo bom ou mau desempenho e pela honestidade ou desonestidade do político a quem confiamos o nosso voto. Por isso é bom ter o cuidado para não dar espaço à corrupção, escolhendo bem o candidato que nos representará, para que tenhamos o direito sagrado de exercer a cobrança dos benefícios prometidos à nossa comunidade. Presenciei, certa vez, a resposta de um político no exercício das atividades de governo, a um cidadão que lhe cobrava algo: “Eu lhe devo alguma coisa? Comprei e paguei o seu voto, não foi? Portanto, não lhe devo satisfação”.
Não se pode esquecer de que o voto é um instrumento valioso nas mãos de pessoas valiosas. Com o voto consciente e limpo podemos ajudar a construir o Município, o Estado, o País e a sociedade que almejamos. Contudo, é com essa mesma ferramenta que ajudamos a dar corpo à corrupção e a escavar a decadência e a ruína da nossa comunidade e da nação.
Lembre-se: Você é o único dono do seu voto. Ninguém estará com você na urna, para fazê-lo mudar de opinião na última hora. Será um momento exclusivo seu e da sua consciência. Alegar arrependimento depois, de ter votado em fulano ou sicrano, é confessar prejuízo duplo: a você e à sociedade.
Sobre a venda e compra de voto…
Ocorreu que em plena campanha política!… Disse um desses fiéis votantes ao candidato que lhe pedia o precioso voto:
— Meu voto é do senhor, disso o senhor pode ter certeza.
— Sabia que o amigo não ia me deixar na mão! – respondeu o candidato, enchendo-se de satisfação e orgulho.
Continuou o eleitor:
— Agora, o senhor sabe, vou todo dia pra roça a pé, subindo morro, volto cansado, às vezes mancando…
— Sim, parabéns pela coragem e a determinação! – concordou o político, já na expectativa do que poderia vir da continuidade daquela conversa matreira.
— Então, tive pensando, cheguei até a falar com a minha Mariinha, se o senhor me desse um cavalo…
— Um cavalo? – interrompeu a fala, meio assustado, o candidato.
— É, um cavalo, mas não é vendendo o voto não, o senhor sabe, porque voto não tem preço, né!
— O candidato fez cara de sério e indagou: pode ser um manga-larga?
O eleitor mudou o semblante na hora. Seus olhos brilharam. Não querendo acreditar no que tinha ouvido, exclamou:
— O senhor tá brincando!…
E o político respondeu, incontinenti, esboçando um leve sorriso:
— Mas foi você quem começou!…
E tudo terminou em gargalhada. Ao final da explicação, para mostrar que o voto não pode ser negociado, o eleitor se despediu dizendo:
— O senhor é tão engraçado!… Vou votar no senhor.
— Mesmo sem o cavalo? – retrucou sorrindo o político.
— É o jeito, né! – respondeu conformado o eleitor, também em sorriso.